A Nakata, que atua no mercado de reposição, vem ganhando participação e se destacando entre as marcas mais admiradas pelos mecânicos. O CEO e presidente da empresa, Jorge Schertel, fala, em entrevista exclusiva à revista Mercado Automotivo, como a marca conseguiu crescer nos últimos anos e revela como superar os desafios em meio à concorrência. Para dar conta de atender a demanda com uma frota de veículos diversificada com mais de mil modelos diferentes, Schertel acredita que fatores determinantes para o sucesso estão relacionados a investimentos para reduzir o ciclo de desenvolvimento de produtos, sistemas de tecnologia de informação, logística e capital de giro. Confira a seguir a íntegra da entrevista:
Revista Mercado Automotivo – A Nakata está voltada inteiramente ao setor de reposição. Na prática, com a experiência que tem no setor, o senhor considera que o brasileiro, de fato, está priorizando os reparos em seu veículo ao invés de adquirir um veículo 0 km? Essa previsão otimista tem se concretizado na reposição?
Jorge Schertel – Estamos saindo de uma crise, isso não quer dizer que os empregos e a confiança já retornaram totalmente. Isso é um processo que demanda mais algum tempo e que afetou o mercado brasileiro como um todo, não somente a venda de veículos novos. Porém, o mercado potencial para o negócio de reposição é a frota circulante e isso só tem aumentado. Em especial, com a forte entrada de veículos zero km vendidos há 3 ou 4 anos, que impulsionaram as vendas em 2017 e devem continuar alavancado também em 2018.
RMA – O senhor considera que o pior da crise econômica enfrentada pelo Brasil já passou? Qual a expectativa da Nakata para o trabalho no Brasil nos próximos dois anos?
Jorge Schertel – Penso que o pior já passou, porém, isso não quer dizer que a economia vá bem, vem melhorando a passos lentos. Já a Nakata prevê crescimento acima de 10% para este e para o próximo ano, pois, além de acompanhar o crescimento da frota, também prevemos ganhos de participação de mercado e introdução de novas linhas de produtos.
RMA – Nos últimos anos, o setor de reposição automotiva teve de enfrentar um grande desafio para atender um número cada vez maior de veículos, de montadoras variadas, de diversos países. Atualmente, o senhor considera que o cenário é de consolidação? Ou seja, as empresas que tiveram condições de enfrentar esse desafio já estão colhendo os frutos ou o desafio ainda segue?
Jorge Schertel – Esse certamente será um desafio constante. Há 15 anos, tínhamos praticamente 5 montadoras de veículos no Brasil com 50 modelos aproximadamente. Hoje, temos cerca de 50 empresas fabricando ou revendendo cerca de mil modelos. Certamente, isso mudou o perfil da frota e a cobertura desta diversidade de modelos de veículos continuará sendo, ao mesmo tempo, um desafio e fator crítico de sucesso, tanto para as marcas que atuam na reposição como também para a rede de distribuição.
Sairão vencedores deste processo aqueles que fizerem investimentos em diminuição do tempo de ciclo de desenvolvimento de produtos, em tecnologia de informação com sistemas mais inteligentes de recomendação de novos itens e dinâmica de abastecimento, em capacidade logística para atender a esta crescente complexidade e também rigoroso controle do capital de giro.
RMA – O que é mais difícil atualmente: entregar em todo o Brasil ou adequar-se à diversidade de impostos do cenário fiscal brasileiro?
Jorge Schertel – De certa forma são interligados. Se o cenário tributário e fiscal fosse menos complexo, não haveria a necessidade de um distribuidor ter, praticamente, filiais em cada um dos Estados brasileiros. A decisão seria pautada pela logística e pela estratégia de prestação de serviços.
Como é o sistema tributário hoje, além de causar um elevado custo de controle e da carga tributária em si, causa também aumento de capital de giro em toda a operação, o que acaba aumentando os preços dos produtos ao cliente final.
RMA – Falando sobre infraestrutura, o senhor considera que houve melhora no Brasil neste tema nos últimos cinco anos? Ainda temos muitos problemas de infraestrutura?
Jorge Schertel – Na região Sudeste, mas principalmente em São Paulo, diria que estamos relativamente bem. Entretanto, em algumas importantes regiões produtoras de grãos ou por onde flui a safra, tais como os Estados de Mato Grosso, Paraná, Minas Gerais, Rondônia, para ficar só nestes exemplos, a infraestrutura, em especial as estradas, está muito aquém do que deveríamos ter nos dias de hoje devido à importância da logística nas cadeias de valor. Isso ainda sem mencionar o aspecto de segurança, como é o caso do Rio de Janeiro. Há ainda muito a fazer.
RMA – De que forma esses problemas de infraestrutura influenciam nos negócios das empresas? Além de encarecer produtos e transporte, esses gargalos na infraestrutura retardam o crescimento do setor?
Jorge Schertel – Penso que não chegam a prejudicar o crescimento do setor, mas, sem dúvida, aumentam os custos envolvidos em todo o processo. Seja pelo maior tempo de transporte, pelo maior consumo de combustível, ou por custos extraordinários, tais como adicional de seguro e escoltas. Isso tira competitividade e, em muitos casos, aumenta os preços dos produtos para o consumidor final.
RMA – Segundo pesquisa recente, a Nakata foi considerada uma das três marcas mais admiradas pelos mecânicos. Nesse sentido, o que é mais difícil: atingir esse estágio de respeito ou manter-se nessa posição?
Jorge Schertel – Ambos. Confiança na marca é reciprocidade pelo trabalho incessante. Assim, conquistar a confiança dos aplicadores exige um esforço diário em relação ao que já fazemos hoje e também em nossa constante evolução. Seja lançando produtos, de forma competitiva e com alta qualidade assegurada, seja inovando na forma de comunicação, fluída e de duas mãos. Pois, é importantíssimo ouvir o que o mercado nos ensina em como melhorar a relação da Nakata durante toda a jornada dos mecânicos.
RMA – Que análise a Nakata faz do programa Inovar Auto? Ele foi benéfico ao setor?
Jorge Schertel – Na minha visão, para o mercado de reposição o resultado é neutro.
RMA – Por fim, gostaria que deixasse uma mensagem para os colaboradores da Nakata, de modo a abordar a expectativa da empresa para este e o próximo ano.
Jorge Schertel – Não somente aos colaboradores da Nakata, mas para todos os clientes, revendedores, aplicadores e consumidores de nossos produtos. O crescimento expressivo da Nakata nos últimos anos se deu por conta da qualidade e do comprometimento naquilo que fazemos, disciplina estratégica e colaboração com os principais agentes de negócio na distribuição. A Nakata continuará investindo para melhor servir, de forma exclusiva, o mercado de reposição e buscando entregar mais e melhores soluções de conforto e segurança para os veículos usados e seus usuários.
Escrito por: Redação