Em entrevista exclusiva à revista Mercado Automotivo, Darci Piana, presidente licenciado do Sistema Fecomércio Sesc Senac-PR, analisou os principais desafios enfrentados atualmente pelo setor automotivo do Estado do Paraná. Além disso, o executivo destacou questões que permeiam a indústria automotiva de forma geral, atingindo companhias de todo o País. Confira a seguira a íntegra da entrevista:
Mercado Automotivo – Qual é o peso do empresariado do Paraná na economia brasileira atualmente? É possível aumentar esta importância nos próximos anos? Se sim, de que forma?
Darci Piana – O Paraná é o quarto Estado da Federação, com economia forte e diversificada. No agronegócio somos os maiores produtores e exportadores brasileiros. Frango, suínos, carnes de gado bovino e peixes fazem parte da nossa pauta de exportações, ao lado de grãos como soja e milho, e etanol. O melhor é que temos espaço para aumentar nossa produção e o composto de exportações, com a exportação de automóveis, madeira e uma gama imensa de produtos com valor agregado.
MA – Quais são os principais desafios que o senhor enfrenta à frente do Sistema Fecomércio Sesc, Senac-PR?
DP – Nesse momento estou licenciado da presidência da Fecomércio, o que pode perdurar por mais alguns meses. De toda maneira, os problemas que enfrentamos são a carga tributária e os desafios da inovação, conceito que chega com extrema rapidez, exigindo que o comércio e os serviços preparem-se adequadamente para garantir sua sobrevivência no mercado.
MA – Muitos empresários destacam que o principal problema que enfrentam é a alta carga e a complexidade dos impostos que devem pagar para seguir com seu negócio. Em sua opinião, qual é a importância de uma possível reforma tributária para o empresariado brasileiro?
DP – A reforma tributária é mais que necessária, ela é urgente. O número de impostos, taxas e encargos diversos é enorme. Isso tem um impacto muito grande na vida financeira das empresas, além de exigir um esforço brutal para que corram o risco de assumir passivos incontroláveis.
MA – Em relação à logística, o senhor considera que evoluímos algo nos últimos anos no que diz respeito à infraestrutura dos sistemas de transporte?
DP – O Paraná tem uma infraestrutura razoável, mas insuficiente. Precisamos de ferrovias, de duplicações de rodovias e de modernização em nossos portos e aeroportos para nos mantermos competitivos no âmbito do comércio global.
MA – O senhor considera que o pior da crise econômica já passou? É possível ser otimista em relação aos próximos anos?
DP – A crise não acabou, continuamos em situação muito difícil. Os gastos governamentais continuam subindo, as reformas não são votadas e o déficit segue aumentando. Não temos visão de médio e logo prazos. Junte-se a crise ética à crise política, o que diminui a confiança do empresário, e você tem um diagnóstico das razões da estagnação da economia.
MA – Uma das principais preocupações do empresário da reposição automotiva brasileira diz respeito ao comércio de peças de origem ilícita. O aumento da criminalidade em algumas regiões do Brasil justamente facilita a disseminação de itens de origem duvidosa, que atraem o consumidor pelo preço mais baixo. Gostaria que o senhor falasse sobre isso. É uma preocupação também da Fecomércio PR?
DP – O comércio de peças de origem duvidosa está aumentando em todo o País, principalmente com as peças chamadas de “robauto”, oriundas do desmanche de veículos usados. Esse fator tira grande parcela do mercado de autopeças novas de origem lícita, sustentado por empresários que pagam impostos, criam empregos formais e vendem produtos de qualidade. Isso não ocorre com as peças de importação irregular e com aquelas oferecidas a partir de roubos de veículos, disponíveis no mercado a preços reduzidos, sem pagar impostos e impactando nos índices de insegurança da população.
MA – Com base no assunto anterior, o que é possível fazer para conscientizar a população sobre a importância da compra e do uso de peças originais? Não somente de peças, mas podemos ampliar a questão para produtos falsificados/furtados, já que este é um problema que atinge boa parte dos setores industriais brasileiros.
DP – É preciso conscientizar as pessoas a não comprarem produtos sem origem comprovada e, principalmente, exigir atuação efetiva das polícias para coibirem o assustador número de roubos de automóveis no território nacional.
MA – Que avaliação o senhor faz do setor automotivo paranaense? Quais as principais dificuldades enfrentadas pelo empresário deste setor atualmente?
DP – O setor automotivo paranaense está sofrendo como os demais Estados brasileiros a concorrência desleal dos “robautos”, além de ser vítima de uma legislação que sacrifica um setor vital para a economia do Estado e do País.
MA – Falando especificamente sobre a Fecomércio PR, quais são os principais serviços/consultorias que a entidade pode oferecer a seus afiliados?
DP – A Fecomércio Paraná tem mais de 20 programas de desenvolvimento das empresas. Por exemplo, o Varejo Mais, com direcionamento para amplos setores do comércio como autopeças, farmácias, materiais de construção, calçados, roupas, hotelaria, gastronomia e outros. Também oferecemos consultorias nas áreas tributária e trabalhista.
MA – Por fim, gostaria que deixasse uma mensagem para todos os associados da Fecomércio PR em relação às perspectivas que se apresentam nestes próximos anos.
DP – Apesar de tudo não podemos parar e ficar imaginando que as soluções caiam do céu. Precisamos trabalhar mais para nos atualizar e buscar formas de acompanhar as novas tecnologias, extremamente inovadoras. Além disso, e de importância fundamental, é esperar que o cidadão brasileiro saiba escolher os governantes a serem eleitos em novembro próximo, primeiro passo para darmos a volta por cima, deixando para trás a realidade complicada que vivemos.
Escrito por: Redação