Novo presidente do Banco Central quer aprimorar transparência da entidade, bem como manter a inflação em níveis baixos
Em um momento de mudanças em diversos campos no Brasil, a chegada de Roberto Campos Neto ao Banco Central levantou dúvidas quanto às políticas que deverão ser adotadas e defendidas pelo novo presidente da entidade. Em seu primeiro discurso à frente do BC, no entanto, Neto fez questão de tranquilizar os presentes ao afirmar que defenderá a autonomia formal da instituição, com o objetivo de também aprimorar a transparência na comunicação do BC com a sociedade.
“Além de trabalhar para manter as conquistas, é necessário avançar. E nesse sentido, acreditamos que um Banco Central autônomo estaria melhor preparado para consolidar os ganhos recentes e abrir espaço para os novos avanços de que o país tanto precisa”, declarou o novo presidente do Banco Central.
Um dos desafios será manter a inflação em níveis baixos, algo que fora comemorado pela população brasileira nos últimos semestres, diante de uma difícil recuperação econômica do país.
De acordo com Neto, em sua gestão o Banco Central irá se empenhar para cumprir suas duas principais missões: manter o poder de compra da moeda por meio de inflação baixa e a solidez do sistema financeiro. Ainda de acordo com ele, o governo brasileiro deverá trabalhar para ampliar o mercado de capitais privado (correspondente à captação de recursos para grandes projetos do setor privado), democratizar o sistema financeiro e melhorar a educação financeira da população como um todo, de modo a estimular a participação de todos no mercado e ampliar a formação de poupança.
“Queremos tornar o mercado mais aberto para os estrangeiros, com uma eventual moeda conversível que sirva de referência para a região”, completou. O novo presidente do BC é neto do economista Roberto Campos, que atuou como ministro do Planejamento nos anos 1960. Campos Neto já havia sido indicado ao cargo pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em novembro. No entanto, apenas tomou posse ao final de fevereiro, devido à necessidade de ser sabatinado pelo Senado Federal.
Balanço de Goldfajn
À Agência Brasil, o ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn fez um balanço de sua gestão e analisou que a maior transparência da entidade junto à sociedade, bem como o ganho de credibilidade da instituição, contribuiu para reduzir as expectativas de inflação.
Goldfajn também destacou que, enquanto esteve no cargo, conseguiu reduzir a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 11% (em 2015) para cerca de 4%, ao mesmo tempo em que conseguiu reduzir a taxa Selic para 6,5% ao ano, no menor nível da história.
“A queda na inflação permitiu redimensionar expectativas e liberar forças de demanda após dois anos de combinação perversa de inflação e recessão [2015 e 2016]. A redução da Selic ocorreu de forma sustentável. Os juros de mercado indicam confiança de que podemos ter juros mais baixos de forma estrutural no futuro, dependendo da aprovação reformas e da administração da economia”, avaliou.
O ex-presidente do BC avaliou ainda que sua gestão foi estimulativa, ou seja, procurou manter juros baixos para justamente estimular a economia. O resultado, de acordo com ele, foi visível especialmente em 2018. “Num ano em que a maioria dos emergentes elevou as taxas básicas, evitamos retirar estímulo monetário tão necessário para a recuperação da economia brasileira”, disse.
Por fim, Goldfajn destacou a chamada Agenda BC+, um conjunto de medidas para reduzir o custo do crédito, modernizar a legislação, ampliar a inclusão financeira e tornar o sistema financeiro mais eficiente.
Como principais medidas adotadas no âmbito da Agenda BC+, Goldfajn citou a regulamentação da Fintechs (instituições financeiras tecnológicas de crédito colaborativo), a portabilidade da conta-salário, a Taxa de Juros de Longo Prazo (TLP) e o limite de 30 dias para o rotativo do cartão de crédito. “Tudo isso contribuiu para levar a um menor custo de crédito para a sociedade”, disse.
Déficit de contas públicas
Também nos primeiros meses de 2019, o Ministério da Economia consultou instituições financeiras para obter uma previsão atualizada para o resultado do déficit de contas públicas ao final deste ano. A estimativa de déficit primário foi reduzida, passando de R$ 99,5 bilhões para R$ 98,1 bilhões. Para 2020 a previsão de déficit é de R$ 68,4 bilhões, de acordo com as mesmas instituições consultadas.
A pesquisa encomendada pelo Ministério da Economia apresentou também a projeção para a dívida bruta do Governo Central. Para este ano, a projeção é de que o índice represente 78% do Produto Interno Bruto brasileiro. Para 2020, a estimativa sobe para 79,2% do PIB.
Outra informação importante divulgada pelo Ministério da Economia, através da Secretaria de Política Econômica, diz respeito à importância que o Governo Federal atribui à aprovação da reforma da Previdência.
De acordo com relatório da pasta, a União terá dificuldades em pagar os salários do funcionalismo a partir de 2020, caso a reforma da Previdência não seja aprovada. Na ausência de mudanças na Previdência, a expectativa é que a dívida pública atinja 83,9% do PIB em 2020 e 102,3% em 2023.
A Agência Brasil ressalta que, de acordo com o relatório, embora a arrecadação tenha ficado estável pela falta de mudança de regras, as despesas têm aumentado ano a ano por causa do envelhecimento da população e do aumento da expectativa de vida, que demandam cada vez mais o pagamento de aposentadorias e de pensões.
*Com informações da Agência Brasil.
Escrito por: Redação