Empresas podem estimular a diversidade em seu ambiente de trabalho, gerando resultados positivos e sustentáveis
A depender do tamanho da sua empresa, é bem possível que você tenha até cinco diferentes gerações atuando juntas: a Geração Z (que compreende os nascidos de 1996 a 2010), a Geração Y (1981 a 1995), a Geração X (1965 a 1980), a Geração Baby Boomers (1945 a 1964) e os veteranos (+70 anos). Essa configuração gera uma série de demandas, dificuldades e diferentes desejos, próprios de cada geração.
De acordo com o relatório “Tendências de Gestão de Pessoas”, de 2024, do Ecossistema Great People & GPTW, mais da metade do mercado de trabalho (51,6%) afirma ter dificuldade para lidar com as diferentes gerações e suas expectativas no mundo corporativo. O resultado, no entanto, é fortemente impactado pela forma com que os profissionais lidam com a Geração Z, a mais nova. Isso porque 68,1% dos entrevistados afirmaram ter dificuldades para lidar com os trabalhadores mais jovens. As dificuldades de relacionamento com os Baby Boomers, a segunda colocada, atingem apenas 11,4% do mercado.
A pesquisa Tendências de Gestão de Pessoas em 2024 foi realizada entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024. Foram entrevistadas mais de 1.800 pessoas de todo o Brasil, de empresas dos mais variados setores, sendo Tecnologia, Indústria e Serviços os principais.
O estudo reforça um entendimento que já vinha sendo apontado por gestores e lideranças dos mais variados setores: neste momento, tem sido difícil lidar com os jovens da Geração Z. De acordo com a pesquisa da GPTW, a Geração Z entra no mercado de trabalho com um olhar focado no propósito e na renúncia ao estresse e cobranças excessivas.
“A GenZ (Geração Z) tem sido responsabilizada pelas outras gerações pela falta de comprometimento e impaciência na carreira. Esse estranhamento de gerações não é, porém, uma novidade. A chegada da Geração Y (Millenials) ao mercado de trabalho também trouxe impactos há alguns anos”, destaca a GPTW.
A organização explica que, em meados dos anos 2000, o mesmo discurso foi utilizado para caracterizar os Millennials, mostrando que esse cenário é cíclico. As gerações são recortes feitos pelo marketing a partir de fatos históricos que marcam a humanidade. Entende-se que esses momentos significaram uma ruptura e uma mudança de comportamento.
“É preciso refletir sobre a chegada dos jovens ao mercado de trabalho, driblando a necessidade de críticas e estereotipação da juventude para justificar fracassos. Um olhar mais positivo para os jovens impulsiona o diálogo. Ao olharmos para o futuro, vale espiarmos o passado e perceber que as mudanças provocadas pela chegada de novos profissionais fizeram as organizações evoluírem. E este é o momento de aprendermos com a Geração Z”, complementa.
Incentivo à diversidade
O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) também ressalta as vantagens que as empresas podem obter a partir da convivência entre diferentes gerações no ambiente de trabalho.
A entidade reconhece que “pertencer” a uma dessas gerações influencia as características de trabalho de cada colaborador: comportamentos, forças e desafios, estilo de trabalho, preferências de comunicação, utilização de tecnologia, valores, entre outras.
“Torna-se, portanto, imperativo tomar consciência destas diferenças e fazer uma gestão do capital humano a longo prazo, de forma equilibrada e ponderada, para motivar os colaboradores de cada geração a criar valor e, assim, poder potencializar o sucesso da organização”, explica o Sebrae.
Nesse sentido, o Sebrae destaca várias ações que podem ser definidas para ter sucesso com essa estratégia, rumo ao aumento do trabalho em equipe e à produtividade das pessoas das múltiplas gerações:
Promover sessões de consciencialização
Entender e respeitar as diferenças entre gerações é fundamental. Para tal, é importante fomentar sessões de partilha de informação sobre as diferenças geracionais, com o objetivo de consciencializar as equipes para a existência dessas diferenças.
Implementar estratégias de comunicação adaptadas a cada geração
Adaptar as mensagens e os canais de comunicação interna de acordo com as características das gerações-alvo da mensagem.
Promover um ambiente de trabalho flexível e criar espaços de trabalho distintos
O ambiente de trabalho deve conseguir refletir as necessidades das diferentes gerações e deve ser levado em conta algumas características como: as gerações mais velhas preferirem o trabalho no escritório, enquanto as gerações mais novas tendem a preferir ter liberdade para trabalhar em outros locais. Devem também ser criados espaços comuns de convívio na empresa, de forma a que as pessoas de gerações distintas possam ter mais contato umas com as outras.
Respeitar e aceitar competências distintas
Promover a troca de ideias, fomentar projetos transversais, ter abertura à mudança e às sugestões das várias gerações.
Implementar programas de mentoria
Programas de mentoria, individuais ou em grupo, que permitam a partilha de conhecimento e sabedoria no seio da organização.
Organizar atividades de team building
Promover o contato pessoal e a partilha de experiências entre os elementos das várias gerações fora do contexto laboral, através de atividades impactantes e diferenciadoras.
Acima de tudo, é fundamental que a empresa tenha uma postura do tipo “ninguém é dono da verdade”. Isso quer dizer que, ter mais idade não significa saber de tudo, assim como ser mais jovem e dominar todas as novidades não faz ninguém melhor do que o outro.
“Quando uma equipe é composta por pessoas de diferentes idades e é bem administrada, cada trabalhador aprende com os outros, reforça seus pontos fortes e melhora os mais fracos, criando um grupo altamente competente, o que representa uma grande vantagem para a empresa”, aponta o Sebrae.
Outra vantagem das equipes multigeracionais são naqueles momentos em que há a necessidade de substituição de colaboradores, por exemplo, visto que a substituição pode ocorrer aos poucos sem uma renovação repentina dos quadros, ficando sempre na equipe quem conhece a cultura da empresa.
“Importa, assim, definir e implementar uma estratégia integrada, que alerte os colaboradores para a realidade das equipes multigeracionais e identifique boas práticas e soluções que permitam criar valor e aumentar a produtividade dentro dessas equipes”, completa a entidade.
E quanto aos consumidores?
Os consumidores naturalmente também têm diferentes perfis e seu ano de nascimento influencia fortemente em suas escolhas, demandas e seus anseios. Ainda de acordo com o Sebrae, a Geração Z é formada por pessoas que nasceram em um momento histórico, principalmente na América Latina, de recessão. Assim, são pessoas que, financeiramente, estão mais atentas. Ao contrário da geração seguinte, dos millenials, que tem como característica serem sonhadores e não se importarem tanto com dinheiro.
“A Geração Z é 100% digital. São os primeiros nativos digitais. Eles não precisaram passar pela transição do analógico para o digital, como a Geração X. Também é uma geração que entende e sabe que precisa lidar com problemas climáticos. Resumindo, a Geração Z valoriza o consumo sustentável e sua identidade. Isso faz com que eles sejam consumidores mais exigentes. Eles não querem apenas um produto, mas, uma experiência, e querem sentir que o valor pago é justo e valeu a pena”, explica a entidade.
Assim, ressalta o Sebrae, é importante que o pequeno empresário invista em aspectos que melhorem a experiência do usuário. Uma loja de produtos cosméticos veganos, por exemplo, precisa mostrar que seu produto está realmente comprometido com a causa, além da qualidade e do preço.
No Brasil, a Geração Z segue valorizando o carro como um objeto de consumo – diferentemente do que ocorre em outros países pelo mundo, em que os mais jovens reduziram o interesse em adquirir o veículo próprio. Nesse sentido, cabe ao setor automotivo brasileiro promover experiências diferenciadas a esse tipo de consumidor, que fujam do que tradicionalmente já era (muito) bem-feito com seus pais e avós. Os interesses e anseios mudaram e o setor precisa acompanhar.
Geração Z
A Geração Z representa 20% dos brasileiros, sendo parte relevante da população economicamente ativa. Por isso, é importante conhecer os hábitos de consumo desses jovens consumidores para conseguir atendê-los. As principais características da Geração Z são:
- Querem fazer a diferença no mundo: a Geração Z preza pela sustentabilidade e transparência. Estão engajados em causas sociais, ambientais e políticas.
- É tudo para ontem e cada vez mais rápido: são nativos digitais e estão acostumados com a conectividade e o imediatismo. Então, é preciso proporcionar uma experiência do usuário fluida e sem barreiras, com velocidade de carregamento e navegação intuitiva, por exemplo.
- Querem comprar de marcas com as quais se identificam: os zoomers buscam empresas que tenham os mesmos propósitos e valores que eles. Então, querem saber a origem do produto e como foi o processo de produção.
- Querem ter experiências exclusivas e individualizadas: para a Geração Z, as experiências são mais importantes do que os produtos ou serviços. Por isso, customizar produtos e atendimentos é essencial. Além disso, eles são exigentes e suas expectativas em relação à qualidade do atendimento e ao produto são altas.
- Compra por recomendações: são muito bem-informados e pesquisam avaliações e indicações. Geralmente, não compram por impulso porque valorizam a questão financeira. Investir em parcerias com influenciadores digitais e em gatilhos mentais de prova social, com depoimentos, pode ser uma alternativa interessante.
- Felicidade em primeiro lugar: a Geração Z preza pela qualidade de vida e pela sua felicidade. Então, se ela não está satisfeita, ela troca de produto, por exemplo. O importante é entender que se trata de uma geração exigente e pragmática. Investir na experiência do usuário é fundamental para ter sucesso com esse público.
Conhecer as características de cada geração é tão importante quanto promover iniciativas para integrar as equipes de modo a amenizar as diferenças de cada grupo. Olhar com superioridade para a geração posterior é um caminho que não traz resultados e influencia no desempenho de todo o time.
Afinal, pense que a geração anterior à sua também a viu com algumas ressalvas e certamente com críticas em relação ao comportamento no ambiente de trabalho e aos anseios na vida, de modo geral.
Importante compreender também como a pandemia de Covid-19 influenciou no comportamento de cada geração. Há uma proporção relevante de jovens da Geração Z que, até hoje, não tiveram um contato efetivo com o modelo de trabalho presencial e tradicional. É preciso paciência, independentemente do tamanho de sua empresa e de seu ramo de atuação!
Escrito por: Redação