Em livro, autora destaca que saber dizer “não” é essencial nas relações de trabalho e pessoais
“Limite” é certamente uma palavra polêmica. Quantas vezes, em nosso dia a dia no trabalho, com familiares ou amigos, desejamos estabelecer alguns limites com maior clareza? Definir, com maior clareza e assertividade, até que “ponto” gostaríamos que as pessoas fossem conosco. Pode parecer bobagem, mas limites mal estabelecidos – ou frequentemente desrespeitados – são causas constantes de estresse, ressentimento e irritação, o que nos leva, em médio e longo prazos, a nos afastarmos de diversas situações e relações que acabam nos fazendo falta em algum âmbito.
No livro Como colocar limites (Editora Sextante, 336 páginas, R$ 60), a autora Melissa Urban destaca, logo de início, que colocar limites gera uma melhora constante nos relacionamentos e faz com que as pessoas aprendam a conquistar sua liberdade. Melissa é cofundadora e CEO do programa alimentar Whole30, uma dieta que preconiza uma alimentação sem determinados itens (como açúcar, álcool, grãos e laticínios) durante 30 dias.
A obra de Melissa é destinada essencialmente a qualquer pessoa que responda sim a pelo menos uma das questões abaixo. E já adiantamos, elas são a maioria!
- Você é do tipo que sempre cede para evitar conflitos?
- Seus relacionamentos andam desequilibrados?
- Gostaria de saber dizer não de um jeito educado, mas eficiente?
- Tem se sentido exausto e sobrecarregado?
Essa é a realidade para boa parte das pessoas. Afinal, toda a humanidade experimentou nos últimos 3 anos uma realidade extremamente exaustiva gerada pela pandemia de Covid-19. A crise que abateu todo o mundo fez com que as pessoas cedessem em diversos níveis: para manter relacionamentos desgastados, para continuar em empregos indesejados, para manter-se próximo a familiares e amigos. Afinal, nesses casos, seria melhor ceder a enfrentar possíveis rejeições e afastamentos.
Melissa defende que limites são a chave para se tornar uma pessoa mais livre, ter boa saúde mental, aumentar sua energia, melhorar a produtividade e conquistar relações mais plenas e felizes em todas as áreas da vida.
Para isso, Melissa se vale da própria experiência pessoal. A autora se define como uma dependente química em recuperação e ressalta que foram necessários muitos anos de luta para perceber que os limites literalmente salvariam sua vida. Ao aprender a dizer “não” para diversas ocasiões, Melissa finalmente pôde começar a controlar melhor seu vício em álcool e outras substâncias ilícitas, que estavam arruinando sua vida em todos os aspectos.
“Uma noite, sentada perto de um barril de chope, num ato desesperado de autopreservação, dei um basta… e isso mudou toda a minha trajetória. Essa experiência me encorajou a impor mais limites – com amigos, familiares, colegas de trabalho e até comigo mesma. Quanto mais limites eu colocava, mais plena minha vida se tornava, culminando no Whole30, na minha empresa e neste livro”, afirma na obra. “O ponto é que eu aprendi a estabelecer limites. Do modo mais difícil, concordo, mas aprendi. E se eu aprendi, você também pode aprender”, completa.
Parte dessa trajetória de Melissa está exposta no programa Whole30. Controverso ou não, fato é que a autora ensinou a diversos clientes a estabelecer limites com a comida. E não somente “com a comida”, mas com amigos e familiares que insistiam em forçar determinados hábitos e compromissos que eventualmente acabavam destruindo todo o esforço das pessoas em seguir o regime alimentar restritivo.
Ao ensinar as pessoas sobre esses limites alimentares, Melissa passou a ser procurada para ensinar limites em relação a chefes e colegas de trabalho, familiares e amigos, em situações que nada tinham a ver com alimentação.
A autora ressalta que uma das primeiras questões envolvendo limites é que, muitas vezes, eles são retratados de forma pejorativa, associado a sentimentos negativos como a culpa. “Talvez você ache que limites são ruins. Talvez ache que representam egoísmo ou indiferença, ou que tenham a ver com controlar os outros. Talvez tenha ouvido tudo isso daqueles que mais se beneficiam do fato de você não impor limite algum”, afirma a autora.
Melissa destaca, no entanto, que os limites marcam a fronteira dos comportamentos aceitáveis para cada um. Fora dessa fronteira ficam palavras ou atos que lhe fazem mal ou ameaçam sua segurança.
“Não usamos os limites para dizer aos outros o que eles podem fazer ou não. Isso, sim, seria controle. Eles são estabelecidos para ajudar você a planejar e comunicar sua reação ao que os outros dizem ou fazem. Numa prática de limites saudável, você perceberá o impacto do comportamento das pessoas sobre você, comunicará seu limite em relação a esse comportamento e em seguida avaliará o que se dispõe a fazer para impor esse limite”, explica.
Ao longo do livro, a autora utiliza uma linguagem clara e repleta de exemplos práticos para mostrar a todos a importância de estabelecer limites. A obra contempla mais de 130 roteiros baseados em conversas reais para demarcar os limites com chefes e colegas de trabalho, parceiros amorosos atuais e ex, pais e familiares, amigos, vizinhos – e até consigo mesmo. Além disso, a autora apresenta ideias para comunicar necessidades com clareza e compaixão, técnicas para neutralizar a culpa por dizer ‘não’ a outras pessoas e demandas e conselhos para se relacionar de um jeito saudável com comida, álcool e tecnologia.
Vale a leitura!
Escrito por: Redação