Em reunião recente, o Sindirepa Brasil, liderado por Antonio Fiola, confirmou o início de suas ações em direção ao movimento Right To Repair (Direito de Reparo), cujo objetivo é tornar o consumidor proprietário das informações de seus veículos.
Cronologia
Décadas de 70 e 80
As montadoras de veículos que operam no mercado brasileiro antes da Lei nº 6.729/1979, conhecida como Lei Ferrari, e mesmo após a sua publicação, quando vivíamos uma era analógica “low tech” dos veículos e da comunicação, as informações sobre os veículos, como catálogo de serviços, peças e mesmo tempo padrão, eram disponibilizados ao Sindirepa na forma de papel, que por sua vez chegavam às oficinas independentes.
Década de 90
Com a chegada da injeção eletrônica nos veículos e mais as mídias digitais, como CD-ROM, as informações começaram a ficar mais restritas, dificultando as operações das oficinas independentes, mas rapidamente sanadas pelos fornecedores de equipamentos de diagnósticos.
Ano 2000 até hoje
O que vimos foi a aceleração da tecnologia dos veículos impostas pelas legislações ambientais de segurança e superaceleração das tecnologias de comunicação, que resultou na transformação das mídias físicas para as mídias de transmissão a distância, como antenas, chegando à nuvem como conhecemos hoje, o que fechou a informação das montadoras junto a sua rede de concessionários, deixando as oficinas independentes de fora deste espectro. Os fornecedores de equipamentos de diagnósticos também sofreram, exceção feita àquelas homologadas das próprias montadoras, mas que viram seus negócios se restringirem a uma rede que perdeu robustez ao longo dos anos.
Cenário brasileiro
O que se passa no Brasil é uma verdadeira paranoia, que prejudica fortemente os consumidores, visto que a maioria das montadoras de veículos potencializaram seu interesse na comercialização de autopeças ao mercado via sua rede de concessionárias, tornando uma parte delas atacados, onde oficinas de lojas de varejo de autopeças são os grandes compradores, mas, na contramão, disponibilizam de uma forma sorrateira informações primárias de peças e serviços em sites que só dificultam o acesso e diminuem abruptamente a produtividade destas micro e pequenas empresas.
O mercado é claro, havendo competição o consumidor sai ganhando. No Brasil esta competitividade não existe, mas tão somente uma lei que protege os concessionários (6.729/1979), que, mesmo após sua alteração pela Lei nº 8.132/1990, na qual, em seu artigo 28, permite a contratação de oficinas autorizadas, as convenções de marca das concessionárias se fecham e o assunto não evolui. Oras, para quem quer vender peças e tem uma lei que permite a relação com oficinas independentes mais direta e não age, configura uma reserva de mercado entre montadoras e concessionárias sem precedentes no mundo automobilístico. E não é mais possível se falar em qualidade e capacitação das oficinas independentes, pois o Brasil é um dos poucos, se não for o único, País do mundo que construiu um alicerce seguro aos consumidores, que vai desde normas técnicas de serviços automotivos ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas –, passando por capacitação de profissionais de última geração no Senai – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – e chegando à certificação da qualidade em conformidade com o Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – expedido pelo IQA – Instituto da Qualidade Automotiva –, cuja gestão é realizada pela associação de montadoras, indústria de autopeças e reparação de veículos.
Europa e Estados Unidos já estão nesta batalha há alguns anos, enquanto a América Latina agora começa a dar os primeiros passos através do Sindirepa Brasil, juntamente com seus parceiros, FAATRA (Argentina) e CTMA (Uruguai), mas o mercado se encontra em constante transformação e recentemente foi fortalecido pela LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados –, onde todas as informações dos veículos devam ser de propriedade do dono do carro, e este tem então a livre escolha para realizar a manutenção onde bem entender, deixando o mercado competir livremente.
Mais informações sobre o movimento no Brasil pode ser acessado no site www.sindirepabrasil.org.br no banner RIGHT TO REPAIR.
Escrito por: Sindirepa