Em livro, jornalista analisa rivalidades do mundo corporativo sob a luz de obra milenar e estratégica
Em tempos de competições cada vez mais acirradas em diversos mercados, chama a atenção o lançamento de um livro que narra as principais estratégias utilizadas pelas empresas para superar seus concorrentes. Em “A Arte da Guerra nos Negócios” (Editora Sextante, 320 páginas, R$ 60), o jornalista David Brown analisa uma série de rivalidades do mundo corporativo sob a luz das táticas e dos conselhos da obra “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu.
Brown também é apresentador do podcast Business Wars, com 4 milhões de ouvintes mensais, disponível no Brasil com o título Guerras Comerciais. O autor ressalta em sua obra que as guerras empresariais, no fim das contas, não são casos frios e sem vida. “São histórias sobre pessoas com ideias que às vezes têm potencial para mudar o mundo”, afirma.
“Negócios são uma guerra. Seja lá como você obtém seus lucros, sempre haverá alguém disposto a fazer a mesma coisa de modo mais rápido e melhor. Seus rivais são ambiciosos, determinados e bastante agressivos. Como vencê-los?”, questiona o especialista, no livro.
Com uma linguagem bem fluida, o jornalista destaca no livro importantes lições de determinação, paciência, garra e engenhosidade, sempre a partir de conflitos travados a duras penas no ambiente corporativo. Mais do que um simples “perde-ganha”, o autor procura mostrar que a ascensão de algumas empresas após “vencerem” seus concorrentes faz com que invistam necessariamente em inovação e se adaptem às novas demandas da sociedade. Quem ganha, nesse sentido, é o mercado consumidor.
Um dos méritos do livro de Brown é sua fonte de inspiração: o podcast que o próprio autor produz. Pensando no formato de comunicação empregado no modelo de podcasts, não foi difícil adaptar a linguagem e a narrativa para um livro escrito.
“O conceito de nosso podcast é simples. Cada série relata uma guerra campal entre duas empresas icônicas: Uber x Lyft, FedEx x UPS, Starbucks x Dunkin’ Donuts. Observando de perto batalhas empresariais passadas, esperamos entrar na mente dos líderes que combateram nelas e entender o que é necessário para vencer. […] Quando não podemos recorrer à nossa própria experiência, é possível invocar a história para obter ensinamentos. […] Nosso objetivo com este livro não é apenas contar histórias extraordinárias, mas ir além do que o formato do podcast permite, de modo a chegar ao cerne de cada conflito e desenterrar lições valiosas”, escreve o jornalista.
Outra essencial inspiração ao autor está, inclusive, no título da obra. Trata-se do tratado militar “A Arte da Guerra”, escrito ainda durante o século IV a.C. pelo estrategista Sun Tzu. O conteúdo é dividido em 13 capítulos, cada um abordando um aspecto da estratégia de guerra.
Ao longo dos séculos, o tratado foi utilizado como um documento precioso por combatentes e generais de diversos países. De acordo com Brown, Sun Tzu estava, de fato, mais preocupado em evitar o combate. Acredita-se que o estrategista via a guerra como um último recurso, por entender que batalhas são caras e muito arriscadas. “Sairá vitorioso aquele que souber quando lutar e quando não lutar”, escreveu Sun Tzu.
“Assim, concentrou-se em alternativas, como prevenção, alianças, intimidação e astúcia. Brandir espadas só faria sentido se – e somente se – todas as demais estratégias falhassem. E, mesmo assim, quando as probabilidades fossem favoráveis e a vitória decisiva pudesse ser alcançada. Para Sun Tzu, não havia desperdício maior de recursos preciosos do que um impasse”, complementa Brown.
O jornalista ressalta que o tratado (ou livro) de Sun Tzu está naturalmente um pouco desatualizado, com dicas, por exemplo, de luta contra bigas. No entanto, destaca, a obra ainda é tão oportuna e relevante quanto deve ter sido há mais de dois mil anos.
“Muitas de suas orientações se aplicam a qualquer conflito de alto risco. Ao escrever sobre como cultivar a paciência, como planejar e como explorar vulnerabilidades dos oponentes, Sun Tzu oferece ferramentas valiosas tanto para um funcionário médio da empresa de consultoria McKinsey quanto para um professor da Escola de Negócios de Harvard. Foi por isso que, quando decidimos escrever um livro baseado em Business Wars (Guerras Comerciais), um dos podcasts mais populares do mundo, recorremos a esse clássico imortal como fonte de inspiração”, explica.
O autor relata que as guerras narradas em seu livro oferecem valiosas lições sobre como enfrentar a resistência a novidades, rechaçar oportunistas, assumir o comando, recuar, promover grandes mudanças e, com frequência, não dar um passo maior do que a perna.
É interessante notar também os paralelos que são feitos por Brown em seu livro, associando conceitos abordados há mais de dois mil anos por Sun Tzu a situações que ocorrem com frequência no âmbito corporativo e comercial.
Enquanto o estrategista fala, por exemplo, sobre o uso de espiões e inteligência militar, o jornalista discute truques sujos nos negócios, tais como desorientação, mentiras e até sabotagem.
“Uma boa guerra empresarial parece menos um estudo de caso do que uma aventura, uma narrativa épica em que um herói corajoso triunfa sobre as adversidades – ou sucumbe a alguma falha trágica, como raiva ou arrogância. Para mim, compartilhar estas histórias, primeiro em um podcast e agora em um livro, foi uma aventura inesquecível”, completa.
Vale a leitura!
Escrito por: Redação