A característica mais peculiar de um líder deve ser a clareza de direção e propósito. Os grandes talentos são movidos à orientação estratégica. Eles podem entrar com você em mares revoltos e turbulentos, mas precisam saber aonde se quer chegar e se o propósito vale a pena. Nos dias atuais o que mais estressa uma equipe é a falta de clareza e incoerência estratégica. Grande parte das equipes trabalha sem objetivos claros. Não sabem dizer qual sua meta prioritária. O que dá consistência e confiança na comunicação de um líder é sua capacidade de ser claro e transparente em relação ao norte estratégico e ao verdadeiro propósito da estratégia.
Sem uma comunicação eficaz, não se consegue obter evidências dos reais desafios e das oportunidades que a empresa passa naquele momento. O fluxo de conhecimento é seriamente abalado se a comunicação clara e objetiva é substituída por informações confusas e ambíguas. Não conseguimos seguir firmes e rápidos se a comunicação for repleta de mitigações. A preferência pela comunicação tipo “o gato subiu no telhado” ou “estaremos informando em breve” é incompatível com a necessidade de uma execução exemplar.
Para que uma comunicação seja eficaz é necessário compreender o nível de complexidade que a empresa vive, seu nível de maturidade emocional e técnica, assim como o contexto de mercado com que ela se depara. Nós orientamos práticas e procedimentos formais de comunicação para os líderes que precisam ter desempenho e valores superiores e que trabalham em cenários de alta performance.
As práticas e os procedimentos formais são de extrema valia, pois reduzem o risco financeiro e social decorrentes das variáveis de contexto, de sistemas e de performance humana. Quando as práticas de comunicação são bem estruturadas geram agilidade, segurança e confiança para que a equipe tome decisões consistentes, rápidas e precisas.
Entre as práticas mais utilizadas para estimular a comunicação entre o líder e a equipe destacaria: a comunicação um a um, ou seja, face-to-face; CoffeePot Communications; feedback orientado a resultados; palestras; espaços de discussão e capacitação; reuniões em pequeno grupo; videoconferências; caixa de sugestões; conversações via telefone; voice mail; e-mail; reuniões em grande grupo; notas escritas à mão; cópias avançadas de agendas; fax; memos interescritórios; discursos formais; cartas; newsletters; relatórios.
As que apresentam melhores resultados continuam sendo as práticas de comunicação um a um, ou seja, a face-to-face, feedback orientado a resultados, espaços de discussão e capacitação.
Ainda optamos por conversações “quentes”, desde que estejam presentes quatro componentes: compreensão – do norte estratégico e do significado das informações e ações que precisam ser executadas; congruência – a expressão baseada em fatos e evidências; transparência – veracidade e confiabilidade, descartando interesses ocultos; legitimidade – fazer o que se fala, ser e manifestar exemplos reais na prática no dia a dia.
Quando o líder não consegue tornar eficaz a comunicação há a perda de tempo, dinheiro, conhecimento e energia humana, gerando um clima de hesitação e passividade dentro da organização. O medo de comunicar o que é essencial e relevante gera um clima de cautela e cinismo, mantendo o status quo e a zona de conforto, responsáveis pelo não crescimento da equipe e do próprio líder.
Nunca é demais ressaltar que uma comunicação eficaz é sempre uma via de mão dupla: o gestor orienta e capacita a equipe para a busca de resultados e a equipe mune de informações relevantes o líder sobre as necessidades e expectativas dos clientes, criando um alinhamento entre aprendizagem das necessidades e dos desejos do mercado e a transformação dessas informações em vantagem competitiva para a organização.
Atualmente, os principais entraves entre a comunicação líder–liderados são:
1 – O ego e o estilo de liderança – personalidade do líder –, que acaba sobrepondo-se aos objetivos estratégicos, trazendo inúmeros problemas para a equipe.
2 – A estrutura altamente hierarquizada, verticalizada, que impede a equipe de oferecer feedback aos principais gestores da organização. Quando rastreamos as falhas de comunicação, percebemos que é muito difícil para as equipes oferecer feedback franco e honesto sobre a performance de seus superiores. O rigor técnico e a tolerância ao erro são desiguais entre os diferentes níveis hierárquicos. Podemos despedir um funcionário por ter entregado um pedido errado a um cliente, mas nem repreendemos um líder que perdeu milhões por comportamento ou atitudes inadequadas. Podemos advertir um enfermeiro por não higienizar as mãos antes de um atendimento, mas mal repreendemos um médico que grita, xinga ou ameaça um atendente de enfermagem por ter feito um procedimento correto. Egos inflados, hierarquia inconsistente, incentivos injustos, tratamento desigual de performance, estrutura verticalizada são influenciadores negativos na comunicação e, consequentemente, na performance da empresa.
Para os líderes que querem manter uma comunicação eficaz, uma dica: elimine a cortesia e a polidez que mantêm o status quo, que disfarça o medo e o receio da equipe em se expressar franca o honestamente. Por detrás de toda a prudência na comunicação, pode se esconder relacionamentos doentes ou dissimulados.
Não espere pelo verdadeiro feedback somente quando o funcionário for embora ou não tiver mais nada a perder. Permita que sua equipe demonstre as incongruências de seu papel e da estratégia. Permita que a equipe se expresse confiavelmente e garanta que não haverá punição pelo feedback objetivo e verdadeiro. Crie junto com eles planos para construir procedimentos e competências mais coerentes com os verdadeiros objetivos da organização. Aprenda a ouvir para refletir sobre novas ideias e realidades, promovendo mudanças consistentes e eficazes.
Eduardo Carmello é CEO e fundador da Entheusiasmos Consultoria em Talentos Humanos. Saiba mais em www.entheusiasmos.com.br
Escrito por: Redação