Chega às livrarias brasileiras neste início de ano A Coragem de Não Agradar (Editora Sextante, R$ 35, 272 páginas), uma obra de autoajuda que busca incentivar nos leitores a importância de sermos nós mesmos. O entendimento do autor Fumitake Koga é simples, mas difícil de ser aceito e colocado em prática por todos: devemos ser nós mesmos, ainda que tal postura não agrade a todos. E fatalmente não agradará.
É justamente por isso que Koga destaca a importância de sermos corajosos para viver sem essa busca incessante de agradar a todos. A procura por tal perfeição fará com que adotemos hábitos e características que não nos pertencem, deixando de viver uma vida em sua plenitude. Koga nasceu no Japão em 1973. Premiado, o autor já escreveu diversos livros, tanto na área de negócios quanto em não ficção.
No ramo da autoajuda, Koga tornou-se um especialista na psicologia desenvolvida por Alfred Adler, um dos principais expoentes da ciência, ao lado de Sigmund Freud e Carl Jung. Em sua nova obra, Koga adota uma estrutura diferenciada para explorar os principais ensinamentos da psicologia adleriana. É através de um diálogo entre um jovem e um filósofo que o autor aborda temas como autoestima, raiva, autoaceitação e complexo de inferioridade.
Koga simula a conversa entre os dois como se esta tivesse ocorrido em cinco noites. A leitura é leve, justamente pelo formato adotado pelo autor, que impõe fluidez ao livro. Para isso, Koga se inspirou nos diálogos proporcionados por Platão, um dos principais filósofos da Antiguidade. Seu objetivo é oferecer ao jovem, por meio do filósofo no livro, as ferramentas necessárias para que ele se torne capaz de se reinventar e de dizer não às limitações impostas por si mesmo e pelos outros. Trata-se de um ato de coragem, como explicita o próprio título do livro. Ser você mesmo em um mundo cada vez mais marcado por personas e máscaras utilizadas nas redes sociais demanda coragem. Coragem para expor suas fraquezas, explorar suas habilidades e não esconder suas tristezas e aflições.
Quando empurramos tudo para debaixo do tapete, fingindo a todos sermos aquilo que não somos, acabamos por ampliar nossas frustrações, diminuindo a autoestima e ampliando o chamado complexo de inferioridade. O livro guarda seus principais méritos no fato de expor com clareza as ideias provenientes da filosofia de Adler. O texto é direto, não faz rodeios e o autor busca utilizar uma linguagem acessível a todos. Ainda que o tema da Filosofia costume provocar receios em boa parte dos leitores, que temem não entender os assuntos abordados devido à linguagem rebuscada, o livro tem uma abordagem simples, repleta de situações cotidianas para ajudar a expor o entendimento de Adler sobre diversos assuntos. Veja, por exemplo, parte do diálogo entre o jovem e o filósofo a respeito do sentimento de raiva. “A raiva é uma emoção instantânea. Mas agora escute a história que eu vou lhe contar. Certo dia, mãe e filha estavam discutindo aos berros.
De repente, o telefone tocou. A mãe pegou o fone às pressas e, com a voz ainda carregada de raiva, disparou: ‘Alô?’ Do outro lado da linha estava o professor do colégio da filha. Assim que a mãe percebeu, mudou a maneira de falar e ficou bem-educada. Nos cinco minutos seguintes, conduziu a conversa com o melhor tom de voz possível. Quando desligou, sua expressão mudou imediatamente e ela voltou a gritar com a filha. […] Em suma, a raiva é uma ferramenta que pode ser empregada na medida do necessário. Pode ser posta de lado no momento em que o telefone toca e reutilizada depois que a pessoa desliga. A mãe não está berrando com uma raiva incontrolável, apenas usando a raiva para dominar a filha, falando mais alto, e, assim, impor suas opiniões”, afirma o filósofo. “Então a raiva é um meio de alcançar uma meta?”, questiona o jovem.
“É o que diz a teleologia”, completa o filósofo. O livro vale a pena, e pode ser lido aos poucos, ao final do dia, como uma maneira de assimilar os importantes conceitos abordados pelo autor japonês. Leituras de Negócios são sempre válidas, mas também é positivo iniciar o ano com um livro de autoajuda que não é pedante e tampouco irreal. Um dos pontos recorrentes no livro de Koga é que nossa vida é responsabilidade nossa, a partir de algo que nós próprios escolhemos. Afinal, é você quem decide como irá viver.
“Preste atenção no argumento de Adler aqui. Ele diz que o eu não é determinado por nossas experiências, mas pelo sentido que damos a elas. Ele não está dizendo que a experiência de uma terrível calamidade ou violência durante a infância – ou outros incidentes do gênero – não têm influência na formação da personalidade. Na verdade, a influência é forte. Mas o importante é que nada é determinado de fato por essas influências. Somos nós que determinamos nossa vida de acordo com o sentido que damos às experiências passadas. Sua vida não é algo que alguém dá a você, mas algo que você próprio escolhe, e é você quem decide como viver”, esclarece o autor, através da fala do filósofo imaginado no texto. Koga já vendeu cerca de três milhões em todo o mundo.
Nesta nova obra, seu objetivo é mostrar como a filosofia pode ajudar o leitor a se libertar da opinião dos outros, superando suas limitações e tornando-se a pessoa que deseja ser. Dê uma chance a ele!
Escrito por: Redação