Em livro, especialista ensina táticas para extrair sempre o melhor de si e dos outros
São diversas (e muito variadas) as teorias a respeito de como alcançar o sucesso. Há quem diga que nascemos com determinadas características e qualidades que são suficientes para nos alçar ao sucesso profissional. Há, porém, quem diga que a prática pode levar qualquer um à excelência em qualquer atividade.
Chega às livrarias neste início de ano uma obra que pretende explorar melhor ao menos uma dessas visões. No livro Potencial Oculto (Editora Sextante, 288 páginas, R$ 60), Adam Grant reúne evidências científicas, insights inovadores e uma narrativa vívida para mostrar que o progresso depende mais do quanto você aprende do que do quanto você se esforça.
“Muita gente acredita que talento é uma característica inata, e não algo que se desenvolve com o tempo. Celebramos alunos com vocação acadêmica, atletas que nasceram para o esporte e crianças prodígio na música. Mas ninguém precisa ser superdotado para obter grandes conquistas. Meu objetivo é mostrar como todos nós podemos alcançar o sucesso”, explica no livro.
O autor procura oferecer uma nova perspectiva sobre como aumentar suas aspirações e superar expectativas. Grant demonstra ainda que o crescimento não tem a ver com o dom que você possui, e sim com o caráter que você desenvolve.
O autor é reconhecido atualmente como um dos estudiosos mais influentes na área de recursos humanos. Como professor, além de ser o mais bem avaliado da Wharton School, foi considerado um dos 40 melhores docentes de administração com menos de 40 anos. Em seu livro, Grant explora como fortalecer as habilidades necessárias para realizar nosso próprio potencial e, ao mesmo tempo, criar oportunidades para aqueles que foram negligenciados pelo sistema.
“Evidências recentes enfatizam a importância das condições de aprendizado. Para dominar um novo conceito na matemática ou num segundo idioma, por exemplo, costuma ser necessário praticar esse conhecimento sete ou oito vezes. Essa quantidade de repetições vem surtindo efeito em milhares de alunos, do ensino básico à faculdade”, explica.
“É claro que alguns alunos conseguem dominar certas áreas praticando menos. Mas não porque aprendem mais rápido (eles progridem no mesmo ritmo que os colegas). O que parece determinante é o fato de chegarem à primeira aula com mais conhecimento inicial sobre o tema – porque já estudaram algo parecido ou se prepararam com antecedência, sozinhos ou não. Muitas vezes, o que parece uma habilidade natural é fruto de motivação e oportunidade”, completa.
Grant ressalta que, ao avaliar o potencial de outra pessoa, cometemos o erro de nos concentrar nos pontos de partida, ou seja, nas habilidades mais aparentes. Com isso, num mundo obcecado por talento inato, presumimos que as pessoas mais promissoras são as que se destacam desde o começo.
“Mas, a verdade é que quem apresenta melhor desempenho costuma ter um histórico de altos e baixos. Se julgarmos uma pessoa apenas pelo que consegue fazer no primeiro dia, o potencial dela permanecerá oculto. Não dá para saber aonde alguém chegará apenas olhando o ponto de partida. Com oportunidade e motivação para aprender, todo mundo é capaz de desenvolver habilidades incríveis. Potencial não se resume ao começo; tem a ver com a distância percorrida. Precisamos nos concentrar menos na largada e mais no trajeto”, completa.
Caráter além dos princípios
Ao longo do livro, através de exemplos claros e didáticos, o autor aborda também a importância do caráter para atingir o potencial esperado. No entanto, não se trata de caráter relacionado simplesmente a “ter princípios”. Trata-se da capacidade aprendida de viver de acordo com esses princípios, segundo ele.
“Habilidades de caráter permitem que um procrastinador inveterado cumpra um prazo para alguém com quem se importa muito, que um introvertido tímido encontre coragem para denunciar uma injustiça e que o valentão da turma evite trocar socos com seus companheiros de time antes de um jogo importante. São essas as habilidades de jardim de infância que cultivam”, explica.
Para falar sobre todos esses conceitos, o autor divide seu livro em três partes. Na primeira, analisa justamente habilidades de caráter específicas que nos ajudam a voar mais alto. Na segunda parte, Grant ensina a criar estruturas e manter a motivação.
“Mesmo com fortes habilidades de caráter, ninguém está imune ao esgotamento, às dúvidas ou à estagnação. Mas, para ter ganhos significativos, não é necessário trabalhar em excesso nem chegar ao burnout”, completa no livro.
Na terceira parte, o autor mostra como desenvolver sistemas para expandir oportunidades. De acordo com ele, as portas que a sociedade deveria abrir para talentos promissores costumam ser fechadas para quem enfrenta os maiores obstáculos. “Para cada sortudo que alcança o sucesso após ter sido desmerecido ou ignorado, há milhares que nunca conseguem uma chance. Você aprenderá a montar equipes, escolas e instituições que incentivem o potencial em vez de desperdiçá-lo”, complementa.
Vale a leitura, principalmente porque o autor se propõe a apresentar estudos e linguagem técnica, sem deixar de compartilhar um conteúdo que, ao final, é muito motivador.
“Quando admiramos grandes profissionais, pensadores e líderes, com frequência avaliamos apenas seu desempenho. Isso nos leva a admirar as pessoas que conquistaram mais e a ignorar quem conquistou muito com o mínimo. A verdadeira medida do nosso potencial não é a altura máxima que alcançamos, mas quanto precisamos escalar para chegar até lá”, completa o autor.
Escrito por: Redação