Em livro, consultora ressalta a importância de tornar a prática um hábito, apesar das pressões e dos desafios diários
Logo no início de seu livro “O Poder da Paciência” (Editora Sextante, R$ 22, 192 páginas), a consultora e escritora M. J. Ryan traz uma frase do também escritor Oren Arnold: “Querido Deus, rezo pedindo paciência. E eu a quero imediatamente!”.
Apesar da brincadeira, a frase traduz perfeitamente uma das principais incongruências que atingem o ser humano atualmente. Queremos paciência, ainda que não tenhamos o mínimo de condições emocionais e psicológicas para desenvolvê-la. Queremos paciência para ontem.
Conforme ressalta Ryan, o ser humano nunca precisou tanto de paciência quanto agora, e nunca o estoque esteve tão baixo. Em sua obra, de leitura leve e agradável, a autora ressalta que a paciência é responsável por nos ajudar a aproveitar ao máximo nossos talentos, a administrar a raiva e a construir relacionamentos mais saudáveis.
Para isso, Ryan utiliza exemplos de situações comuns do dia a dia e estimula o leitor a refletir sobre seus principais hábitos. Além disso, ensina que a paciência é uma das formas mais eficientes de eliminar os estados de tensão e irritação.
Em um momento no qual o mundo convive com uma pandemia que não tem data para acabar, são justamente os estados de tensão e irritação que mais vêm afastando a harmonia tão necessária para tempos de isolamento. A convivência em algumas casas tem se tornado insustentável, graças a situações que deixam clara a total falta de paciência das pessoas.
Um dos principais destaques do livro de Ryan é ressaltar que a paciência é um hábito e, portanto, deve ser cultivada e exercitada. Se não for praticada diariamente, a paciência jamais trará resultados concretos. Quem deseja diminuir o ritmo, relaxar e encarar a rotina de forma mais tranquila precisa necessariamente encarar o exercício da paciência de forma diária.
“A grande maioria das pessoas passa hoje a vida correndo de um lado para o outro. Estamos em constante movimento e esperamos que tudo e todos que nos cercam também andem mais depressa. Qualquer ritmo mais lento nos deixa exasperados. Sofremos da ‘doença da pressa’”, escreve Ryan.
A autora é consultora da Professional Thinking Partners, onde orienta executivos sobre liderança e qualidade de vida. Também é fundadora e editora do selo Conari Press, palestrante e tem artigos publicados em vários jornais e revistas. É uma das criadoras da coleção Gestos de Bondade, que já vendeu cerca de 1 milhão de exemplares, e autora de diversos livros.
“Outro nome para a doença da pressa é impaciência, e estou certa de que não sou a única pessoa que a possui. A fúria no trânsito, a violência de todos os tipos, as explosões de raiva no trabalho, o divórcio, os gritos com os filhos…todos esses comportamentos e muitas outras doenças no mundo podem estar relacionados, pelo menos em parte, à falta de paciência”, escreve no livro.
Um dos exemplos citados pela consultora em seu livro está na Califórnia (Estados Unidos). Recentemente, o governo local inseriu uma placa nas estradas na qual pedia que os motoristas diminuíssem a velocidade nos trechos em obras. O objetivo era fazer com que os carros diminuíssem a velocidade de 100 para 80 quilômetros por hora nesses trechos, porque muitos operários estavam morrendo atropelados.
A propaganda informava ainda que, no trecho em construção, a diferença de tempo entre 80 e 100 km/h era de apenas dez segundos. “Pessoas estão morrendo porque não estamos dispostos a chegar a algum lugar dez segundos mais tarde!”, ressalta a autora.
“Na verdade, parece que, quanto mais depressa tudo anda, mais impacientes ficamos. Isso se torna um problema, porque a vida inevitavelmente nos impõe um certo grau de atraso sob a forma de filas, engarrafamentos e sistemas de mensagens automatizadas. O problema fica mais grave se pensarmos que os desafios mais complexos – doenças, incapacitação, conflitos de relacionamento, crises no trabalho, assuntos ligados às funções paterna e materna, construção da convivência no casamento, para citar apenas alguns – exigem que pratiquemos a paciência não apenas para enfrentá-los, mas para
adquirirmos mais amor e sabedoria”, afirma.
A paciência é uma demanda atual e dificilmente perderá sua relevância, mesmo após a pandemia. Para exercitá-la de forma efi caz é preciso ter em mente os ganhos que são proporcionados por ela. Somente assim teremos forças diariamente para superar momentos em que apenas a tensão e o confl ito aparecem como “opções”.
“Sem paciência, não podemos aprender as lições que a vida nos ensina e não conseguimos amadurecer. Permanecemos naquele estágio de bebês irritadiços, incapazes de adiar a obtenção do prazer e de nos dedicarmos à busca do que verdadeiramente desejamos. Se quisermos viver de forma mais completa e intensa, e não fazendo tudo às carreiras, é fundamental praticarmos a paciência – paciência com nós mesmos, com as outras pessoas e com as grandes e as pequenas circunstâncias da vida”, avalia.
Vale a leitura! Durante ou até mesmo após a pandemia, o que vale é praticar e exercitar a paciência no dia a dia. Nos cenários fáceis e também naqueles que nos trazem desafios de autocontrole maior.
Escrito por: Redação