Atualmente, pensando especialmente nas grandes capitais brasileiras, é impossível conceber alguém que não esteja conectado à internet. Ainda que computadores e (principalmente) notebooks sobrevivam no ambiente de trabalho, os celulares com acesso à rede são quase unanimidade nos quatro cantos do País.
De acordo com dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em média, nove em cada 10 lares brasileiros tinham ao menos um morador com telefone celular em 2016. Para termos de comparação, a pesquisa apontou também que somente 66% das casas contavam com tratamento de esgoto. São quase 20 milhões a mais de brasileiros sem saneamento básico, mas com possibilidade de usar um telefone móvel.
Verdade que nem todos os celulares garantem acesso à internet, mas eles são maioria. Dados da mesma pesquisa, divulgados há poucos meses, revelaram que o Brasil tinha, em 2016, 116 milhões de pessoas conectadas à internet, o que corresponde a praticamente 65% da população com idade superior a 10 anos.
Na região Sudeste, o índice de acesso chega a 72% da população. No âmbito nacional, a proporção de mulheres conectadas foi superior à dos homens, mas por uma diferença mínima: 65% a 64%.
Não está convencido? Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o e-commerce (comércio praticado on-line) apresentou crescimento de 12% na comparação com o ano anterior. O faturamento foi de cerca de 60 bilhões de reais, sendo que a categoria de Acessórios Automotivos obteve o terceiro tíquete médio mais alto no ano (R$ 418,20), ficando atrás apenas dos Eletroeletrônicos (R$ 558,20) e de Óticas e Acessórios (R$ 454,40).
A projeção para 2018 é de crescimento na ordem de 15%, com faturamento chegando a 69 bilhões de reais. Todas essas informações corroboram ao entendimento de que investir no e-commerce é fundamental para ampliar os resultados, consolidando-se como ótima alternativa para muitos varejistas, pequenas e médias empresas do setor de reposição automotiva.
Fator de Sucesso
São diversos os estudos e levantamentos que correlacionam o sucesso de empresas de variados tamanhos à variedade de canais de venda disponibilizados aos consumidores, especialmente o meio on-line. Estudo realizado pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) Nacional, a partir de revisões bibliográficas e entrevistas com especialistas, empresários e consumidores do setor automotivo, aponta a dedicação ao e-commerce como um dos fatores- chave para o sucesso do varejo de autopeças no Brasil. A conclusão da entidade é que contar com uma loja virtual para gerar vendas é essencial para o desenvolvimento sadio de uma empresa de varejo de autopeças a longo prazo.
Ainda mais quando se faz a divulgação dos produtos em outros canais digitais, como as redes sociais, por exemplo. Para isso, no entanto, é preciso atentar-se a diversos pontos. Adentrar no e-commerce sem qualquer tipo de planejamento pode ser um erro fatal para diversas empresas. Dessa forma, é necessário considerar quais são os produtos que serão oferecidos. Todos os de seu portfólio ou apenas aqueles cujo estoque lhe permite uma entrega eficaz e rápida? Qual será o seu público?
De que forma ele consome na internet: pelo celular ou pelo computador? Você oferecerá condições especiais para quem adquirir via internet? Qual será a logística e os valores envolvidos no frete? Essas questões são muito importantes e não é possível respondê- las de forma geral, simplesmente por meio de uma reportagem.
Cada empresa deve adequar suas características e necessidades ao modelo de e-commerce mais indicado. O importante é entender que a venda pela internet já é uma realidade há diversos anos, mas a diferença é que hoje os analistas e especialistas conseguem determinar com maior clareza o perfil dos consumidores. A partir daí, é possível entender melhor seus hábitos, suas vontades, suas necessidades e, consequentemente, seu consumo. Nesse sentido, é sempre bom contar com pesquisas e estudos realizados por quem realmente entende do assunto.
Em parceria com a ABComm, a Neomove (que desenvolve ferramentas e presta consultorias para empresas que desejam entrar ou ampliar seu e- -commerce) desenvolveu dois estudos que podem ser baixados gratuitamente em seu site: um sobre e-commerce de uma forma geral e outro voltado especificamente para o setor automotivo. A única diferença na metodologia dos estudos é que aquele voltado especificamente ao setor automotivo compreende os resultados apenas do primeiro semestre de 2017, enquanto o geral considera o ano como um todo. E as diferenças verificadas entre cada relatório chegam a surpreender em determinados pontos. Isso porque, de acordo com os dados, o consumidor automotivo no e-commerce tem hábitos diferentes do consumidor virtual, de forma geral. Um exemplo está no meio utilizado para as compras.
Enquanto nas demais categorias, cerca de 30% das compras foram geradas exclusivamente por smartphones, o índice da categoria Automotiva é bem inferior: 16%. O pensamento neste caso não deve ser simplesmente de descartar o modelo de vendas para smartphones, já que ele não dá resultados. Este cenário é muito propício para que as empresas do setor automotivo justamente se questionem sobre como aumentar essa parcela de consumidores via celular. Neste momento, procure verificar você mesmo como é a venda em seu e-commerce (caso já a possua) através de smartphones. É uma experiência agradável? A navegação é facilitada?
O consumidor consegue obter pelo celular os mesmos detalhes que teria do produto por meio de seu computador? Se as respostas forem negativas, o ideal é focar em mudanças em sua plataforma de vendas digital justamente para que o número de consumidores de smartphones possa crescer. Outros dados A comparação entre os dois relatórios da Neomove permite ainda outras conclusões (ou ao menos provocações) interessantes. De acordo com as pesquisas, a categoria automotiva ainda é muito dependente das buscas no Google para conquistar clientes.
A média geral para este índice é de 52%, enquanto na automotiva, 73% das compras on-line acontecem após a busca do consumidor no Google. Nesse sentido, é interessante pensar em estratégias que possam aumentar a visibilidade de seu e-commerce no Google. Há empresas de diversos portes que se dedicam basicamente a isso, contribuindo para que sua plataforma seja uma das primeiras a aparecer quando o consumidor pesquisar por determinadas palavras. Trata-se de um investimento relativamente baixo, que pode trazer bons resultados a médio prazo. “A categoria acessórios automotivos depende muito dos canais do Google (Orgânico e Pago), principalmente porque a compra automotiva não é uma compra de impulso, mas é uma compra de necessidade ou planejada, por este mesmo motivo os canais sociais não têm tanta importância como em outros setores (Moda, por exemplo)”, explica o estudo. No quesito “abandono de carrinho”, que leva em consideração os processos de compra que não foram concluídos por algum motivo, o desempenho do setor automotivo é melhor que a média geral: 78% de abandono contra 82% da média geral.
A alta taxa, em ambos os índices, é resultado do próprio comportamento dos consumidores, que muitas vezes simulam as compras em diferentes sites para comparar os preços, as taxas de frete, tempo de entrega, entre outros quesitos. Ainda que as mulheres venham se interessando cada vez mais pelo mercado automotivo, o gênero masculino ainda predomina quando as compras são realizadas no e- -commerce. A parcela do público masculino neste cenário é de 67%, média muito superior à geral, na qual os gêneros são bem equilibrados. Matéria de Capa 20 Outro ponto importante é o espaço que o e-commerce automotivo ainda tem para crescer.
Isso porque a parcela de clientes que visitaram os sites do setor pela primeira vez representa 74% do público total. Na média geral este índice cai para 37%. O lado positivo é que cada vez mais consumidores estão chegando neste meio de compra. Por outro lado, este potencial precisa ser aproveitado. De nada adianta os consumidores automotivos chegarem aos sites e saírem logo na sequência, sem compras ou sem demonstrar interesse no que ali é ofertado. Justamente por isso, apenas 25% dos visitantes de e-commerce automotivo são consumidores retornando aos sites. Nas demais categorias, o número dos que retornam chega a 62%. A taxa de rejeição dos consumidores do setor automotivo é de 57%, em linha com a média geral. No entanto, é importante notar que os internautas em busca de peças/ equipamentos automotivos navegam 23% a mais do que a média geral dos e-commerce.
“A venda de acessórios automotivos sempre foi uma venda tradicional (venda off-line), mas nos últimos anos esta categoria está crescendo muito e está tendo um destaque em vendas e pedidos no on-line. No Brasil, esta categoria hoje figura entre as dez principais categorias, com um destaque para a categoria Pneus, que representa aproximadamente 53% do setor”, destaca a pesquisa da Neomove. Na análise geográfica, a cidade de São Paulo responde por quase um em cada quatro pedidos feitos no País (23% do total). Na sequência, aparece o Rio de Janeiro, com 12% de parcela nos pedidos. O que se percebe, no entanto, ainda é uma alta concentração de consumo automotivo no Sudeste, enquanto as regiões Sul e Nordeste aparecem praticamente empatadas com índices muito inferiores à primeira.
Para a Neomove, o diagnóstico está fortemente relacionado à maior presença de lojas virtuais no Sudeste brasileiro e também ao fato de que os valores de frete e os prazos para as demais regiões do País são elevados, desagradando o consumidor dos demais Estados, que acaba optando pela compra física em sua região. As formas de pagamento também foram analisadas. Assim como nos demais segmentos, o cartão de crédito continua sendo o método mais utilizado para efetuar as compras (até mesmo porque o tíquete médio do setor automotivo é alto – R$ 529 – devido a valores mais elevados de alguns itens).
De acordo com a pesquisa, no entanto, no caso do setor automotivo o percentual de compra por boleto ainda é forte, com 44% das tentativas de negócio. No entanto, a porcentagem é reduzida para 22% por conta da baixa taxa de aprovação (38%), considerada uma das mais baixas entre todas as categorias. “Um dos desafios dos e-commerces brasileiros é aumentar a taxa de aprovação de boletos, onde a forma mais efetiva é construir regras automáticas de relacionamento com o cliente para que ele se lembre de pagá-lo. Na nossa experiência, uma boa gestão nesse sentido aumenta em até 35% a taxa de aprovação.
A forte cultura do parcelamento no mercado brasileiro permite que marcas possam trabalhar produtos e promoções de maneira mais atrativa, o que pode favorecer boas negociações com o gateway de pagamento”, complementa a Neomove. O e-commerce é, de fato, um meio que pode alavancar (ou sustentar) o sucesso de seu negócio. Mas é preciso fazê-lo de forma estruturada. Um sistema de e-commerce que gera entregas erradas e com atraso, com um ambiente de insegurança para o pagamento do consumidor, e que é confuso e pouco elucidativo, torna-se uma ferramenta justamente para o fracasso do negócio. E o impacto, tanto no cenário positivo quanto no negativo, trará consequências também ao ambiente físico do negócio. Se tiver interesse em mais dados dos relatórios, acesse https://bit.ly/2JtFfb4.
Escrito por: Redação