Marcelo Sanches, Aftermarket Director – South America da Dayco, destaca os requisitos necessários para as empresas brasileiras ingressarem (e evoluírem) no mercado internacional.
Em entrevista exclusiva à revista Mercado Automotivo, Marcelo Sanches, Aftermarket Director – South America da Dayco, destaca os requisitos necessários para as empresas brasileiras ingressarem (e evoluírem) no mercado internacional. O executivo também fala sobre os desafios que outros países reservam a estas marcas. A Dayco atua com pesquisa, desenvolvimento, fabricação e distribuição de produtos essenciais para motores, sistemas de transmissão e serviços para automóveis, caminhões, construção, agricultura e indústria.
Mercado Automotivo – O senhor considera que este é um bom momento para as empresas brasileiras investirem na exportação de seus produtos?
Marcelo Sanches – A Dayco vem buscando aumentar significativamente sua participação no mercado de autopeças por diversos países da América do Sul, que hoje representa cerca de 12% do total de vendas no AM [aftermarket]. O momento atual é sim bastante propício, mas há que se achar um modelo comercial robusto capaz de absorver as flutuações normais de moeda a médio e longo prazos e não apenas buscar uma política imediatista nos momentos de câmbio favorável. Assim como no mercado interno, negócios na exportação devem ser pautados em ações contínuas que visem longevidade, parcerias estáveis, fortalecimento de marca e serviços de excelência nos países para os quais se pretende exportar.
MA – Quais são os principais desafios a que as empresas devem se atentar quando decidem ingressar no mercado externo?
MS – No caso da Dayco, que visa prioritariamente os países da América do Sul como principais objetivos para exportação, o primeiro grande desafio é assegurar-se quanto à existência de um portfolio de produtos adequado ao parque automotivo dos países de destino. Economias abertas com grande presença de veículos distintos do mercado nacional, com enorme diversidade de modelos e versões comumente não encontradas no Brasil costumam ser o primeiro entrave na busca por um processo de exportação robusto. Segundo, e não menos importante, é a capacidade de oferecer um serviço de alto nível aos diversos clientes, tais como entrega, assistência técnica e apoio de marketing. Por fim, acredito que, mesmo em épocas de câmbio não favoráveis, a exportação deve ser vista com a mesma seriedade e mesma importância sob pena de não se conquistar a devida confiança dos clientes tão necessária para o sucesso de um processo duradouro de exportação.
MA – Gostaria que falasse sobre os investimentos da Dayco em inovação e sua importância nessa área para o mercado automotivo?
MS – A Dayco é pioneira no lançamento de soluções e inovações tecnológicas no mercado, tais como correias teflonadas,
correias BIO (“belt in oil”) para motores cujas correias exercem função similar a das correntes e trabalham submersas no
óleo do motor e por isso apresentando o dobro ou em alguns casos o triplo da durabilidade das correias de um sistema convencional. Nosso departamento de Produtos trabalha em perfeita sinergia com a Engenharia na busca e no desenvolvimento de inovações que visem melhor performance, maior durabilidade e com soluções amigáveis do ponto
de vista ambiental. Anualmente, disponibilizamos ao mercado inúmeros produtos oriundos dos constantes desenvolvimentos, sempre dotados de importantes inovações tecnológicas.
MA – Qual é o principal gargalo que o senhor visualiza hoje no mercado de reposição brasileira? Qual é a principal dificuldade enfrentada pelas empresas para evoluir?
MS – São vários os gargalos e as dificuldades. Cito inicialmente a complexidade fiscal de nosso país como algo que deve ser resolvido/simplificado ou no mínimo racionalizado com maior brevidade possível; precariedade de nossa malha rodoviária
impactando sobremaneira operações logísticas e por fim a baixa qualificação de nossa mão de obra de uma maneira geral.
Estes gargalos influenciam de forma bastante significativa a produtividade de nossos negócios. São questões urgentes que precisamos debater e procurar direcionar de maneira coletiva no mercado como um todo.
MA – O senhor considera que o consumidor brasileiro é consciente quanto à importância do uso de produtos originais e com garantia? Ainda falta conscientização?
MS – Acredito que essa conscientização do consumidor brasileiro vem melhorando bastante nos últimos anos, mas ainda estamos longe de uma uniformização de norte a sul do País quanto a esta consciência e, mesmo em regiões de maior
conscientização, ainda estamos muito distantes do padrão europeu, por exemplo. Ainda somos um mercado extremamente
direcionado ao preço por peça, sem maior análise da relação custo/benefício. Neste particular a Dayco investe demasiadamente em palestras técnicas destinadas ao reparador e equipes de vendas de nossos distribuidores tentando levar mensagens sobre a importância das manutenções preditivas (ou no mínimo preventivas), importância do uso de peças originais e importância de se seguir corretas instruções de montagem e aplicações de produtos.
MA – Gostaria que falasse sobre a atuação dos promotores técnicos da Dayco. De que forma a atuação desses profissionais contribui para uma correta aplicação e uso dos componentes vendidos pela Dayco?
MS – A Dayco possui um time de 28 pessoas entre Promotores, Supervisores e Consultores técnicos espalhados por todo o
Brasil, sempre levando aos aplicadores, vendedores e usuários em geral de nossos produtos todo tipo de informação quanto
à correta aplicação, montagem, substituição e funcionamento de toda nossa linha de produto, seja de aplicação na linha leve ou pesada, realizando frequentes palestras e treinamento nas mais variadas regiões do Brasil e também em países da América do Sul. Somente no Brasil temos até o presente momento mais de 6.500 pessoas treinadas por nosso time técnico
e planejamos encerrar o ano de 2019 elevando este número para no mínimo 10.000 pessoas. Acredito ser esta iniciativa uma
das principais razões do sucesso de nossas marcas no mercado, através de um serviço de conscientização e aprendizado
permanente e constante no segmento de autopeças.
MA – Qual é a expectativa da Dayco para o Brasil nos próximos dois anos? É possível ser otimista?
MS – A despeito das incertezas do nosso cenário econômico, a Dayco vem crescendo 2 dígitos nos últimos anos. Não há motivos para deixarmos de ser otimistas para os próximos 2 anos. Continuaremos investindo em novas soluções, fomentando inovações tecnológicas, complementando portfolio de produtos e melhorando continuamente nossos serviços aos clientes, especialmente logística, treinamentos/assistência técnica e clareza quanto às políticas comerciais. Nossa meta é a excelência em todos estes aspectos de nossos negócios, tanto no Brasil quanto na exportação.
MA – De que forma a Dayco se esforça para superar o custo Brasil? Quais as dificuldades impostas por esse fator?
MS – A Dayco vem trabalhando de forma a otimizar todos os seus processos, tornando-os cada vez mais inteligentes e eficientes. O fato de sermos uma empresa global também nos dá uma bagagem e expertise para enfrentar este tipo de desafio no mundo todo. Desta forma conseguimos minimizar os impactos e continuar investindo no desenvolvimento do negócio em nosso país.
Escrito por: Redação