Ultimamente o mercado editorial brasileiro tem se deparado com uma série de livros que buscam desconstruir mitos surgidos a respeito de diversos assuntos. Principalmente com o advento das redes sociais, o ser humano passou a ser bombardeado com inúmeras informações vendidas como verdadeiras, sem admitir qualquer contra-argumentação.
No âmbito corporativo, um lançamento que chega às livrarias brasileiras busca justamente desmentir algumas ideias e alguns conceitos que foram plantados ao longo das últimas décadas em empresas de diversos tamanhos.
No livro “Mitos da Gestão: Descubra por que quase tudo que você ouviu sobre gestão é mito” (Editora Autêntica Business, 256 páginas, R$ 50), os autores Stefan Stern e Cary Cooper chamam para si a ousada tarefa de desmontar conceitos tidos como verdades universais. O livro tem sido bem conceituado entre aqueles que buscam trabalhar temas essenciais a uma boa gestão. Para Herminia Ibarra, professora de Comportamento Organizacional da London Business School, a obra trata de pessoas, pura e simplesmente, abordando o que é, de fato, essencial na gestão.
“A gestão é importante – mas é mal compreendida. Neste livro, dois observadores muito experientes destacam com grande competência equívocos comuns sobre a teoria e prática da gestão. O raciocínio claro deles nos ajuda a descobrir como boa gestão pode contribuir positivamente para transformar as organizações em ambientes de trabalho mais produtivos e motivadores.
Este é um livro oportuno e instigante. Merece ser lido com muita atenção para todos os gestores”, afirmam Rob Goffee e Gareth Jones, autores de livros sobre gestão. Logo de cara, a obra de Stern e Cooper questiona ideias básicas que veem sendo disseminadas como se não houvesse argumentos contrários, tais como: o fim da hierarquia nas empresas; a ideia de que um ambiente de trabalho “descolado” tornará os funcionários mais criativos, e, ainda, a conclusão de que o que move as pessoas é simplesmente o dinheiro.
Essas máximas, repetidas à exaustão, acabam por ser tornar verdadeiros dogmas em algumas empresas. Especialmente aquelas que passaram a ser lideradas recentemente por profissionais mais jovens, que praticamente desconhecem outros formatos de gestão/administração e preferem focar em práticas ditas inovadoras e certeiras.
De acordo com os autores, ocorre efetivamente o contrário. As empresas acabam perdendo tempo, dinheiro e consequentemente outros recursos que poderiam ser economizados a partir de pequenas mudanças.
Um dos aspectos mais importantes abordados no livro diz respeito à própria percepção dos gestores. A maioria realmente acredita estar agindo com ideias precisas de gestão. De acordo com os autores, uma pesquisa recente estudou cerca de 8 mil empresas e chegou à conclusão de que muitas delas não são nem de longe tão boas em gestão quanto supunham ser. Ainda que as companhias consigam elaborar modelos de negócios bem definidos, o mesmo não pode ser dito de seus modelos de gestão. Ao avaliar as empresas, o estudo apontou que somente 15% das norte-americanas e menos de 5% das companhias de outros países realmente podiam dizer que eram melhores operadoras quando avaliadas com base em uma escala de práticas gerenciais elaboradas pelos pesquisadores.
Quando questionadas, no entanto, cerca de 80% se consideravam acima da média no campo da gestão. “No Reino Unido, pelo menos, precisamos urgentemente aumentar a nossa produtividade. Há muito tempo ela tem sido inexpressiva. Se quisermos aumentar os salários (alguém contra?), temos que ser mais produtivos.
Isso significa aumentar a produção per capita ou por unidade de insumo, por meio de trabalho mais eficaz. Também significa que precisamos de melhor gestão. Conclusão? A gestão tem importância”, escrevem os autores no livro, em um trecho que pode ser claramente associado também ao cotidiano brasileiro. “Este livro pertence a uma série destinada a explorar alguns mitos. Ele nos deu a oportunidade de lançar novo olhar sobre algumas daquelas coisas que os chefes, por instinto, acreditam ser verdadeiras, mas que, no duro, são falsas.
Você realmente precisa ser a pessoa mais esperta do pedaço? Os dias de trabalho longo são a melhor maneira de alcançar o sucesso? Tudo bem em mudar de opinião? E assim por diante”, completam. No total, os autores abordam (e desconstroem) 44 mitos sobre a gestão. A linguagem é acessível, direta e busca provar de forma concisa e eficaz o que transforma esses conceitos em mitos que precisam ser descontruídos. A ideia de dividir cada mito em um capítulo (ainda que não seja inédita) torna a leitura mais fluída e dinâmica. Com capítulos curtos, é possível engatar um mito por dia, sem muito esforço, garantindo uma atividade agradável.
O que os autores mais defendem é que a gestão não deve ser associada somente a práticas oriundas de chefes desagradáveis, que pouco têm a acrescer no desenvolvimento de seus subalternos e da empresa de forma geral. Conforme eles mesmos salientam, todos tivemos maus chefes, e todos sofremos na ponta passiva da má gestão.
Daí a importância de discutir efetivamente o tema. Stern e Cooper ainda evocam uma famosa frase do escritor Peter Drucker, um dos mais respeitados pensadores de gestão na atualidade. “Muito do que denominamos administração consiste em dificultar o trabalho para as pessoas”, afirmou Drucker. Dessa forma, conforme salientam os autores, é preciso rejeitar os mitos e, em vez disso, focar nos aspectos realmente eficazes da gestão. Vale a leitura!
Escrito por: Redação