Livro destaca importância de entender os propósitos e as motivações de cada empresa para inspirar funcionários e consumidores
Em um cenário carente de grandes líderes ou personalidades influenciadoras, chega às livrarias uma obra que pretende discutir por que determinados executivos/líderes conseguem inspirar pessoas e equipes a agir muitas vezes até mesmo fora
de suas organizações.
Na obra Comece pelo Porquê (Editora Sextante, R$ 40, 256 páginas), o autor Simon Sinek aborda conceitos que podem ser trabalhados pelos mais diversos líderes com o objetivo de inspirar suas equipes a atingirem resultados expressivos e constantes.
Sinek tornou-se conhecido em diversos países ao explorar o conceito do “porquê” em sua primeira palestra na plataforma TED Talk. Além disso, criou uma instituição dedicada especificamente a este tema, prestando consultoria a empresas e pessoas que querem inspirar seus pares e funcionários.
O autor destaca que, de fato, o mundo conta com líderes natos, pessoas que podem sim ter nascido com uma predisposição para inspirar. No entanto, essa aptidão não está reservada apenas a eles. “Todos podemos aprender esse padrão. Com um
pouco de disciplina, qualquer líder ou organização é capaz de inspirar, tanto dentro quanto fora de sua instituição, ajudando a promover suas ideias e sua visão”, explica o autor no livro. Um dos principais méritos de Sinek é que o autor não
é prepotente em sua escrita. Tampouco busca desmerecer ou criticar as estratégias que têm sido utilizadas nos últimos anos pelas empresas. “A maioria das respostas que obtemos, quando baseadas em evidências concretas, são perfeitamente válidas. No entanto, se começarmos com as perguntas erradas, se não compreendermos a causa, então até as respostas certas acabarão nos levando na direção errada… cedo ou tarde.
A verdade é sempre revelada”, complementa. A pergunta certa, de acordo com Sinek, está relacionada justamente ao porquê, às causas e motivações dos negócios das empresas. Na visão do autor, quem consegue liderar de verdade, acaba criando uma legião de seguidores que não agem porque foram levados a isso, mas porque foram inspirados.
Esse é um dos “segredos” expostos por Sinek no livro. Quem é liderado de forma autêntica é menos propenso a ser atraído por incentivo. Estes irão agir pelo bem do todo não porque são obrigados ou simplesmente recompensados momentaneamente, e sim porque assim o desejam. “Embora em termos numéricos sejam relativamente poucos, as organizações e os líderes que têm a aptidão natural para nos inspirar aparecem em vários formatos e tamanhos. Podem ser encontrados tanto no setor público quanto no privado. Estão em todos os tipos de atividades – vendendo para clientes finais ou para outras empresas. Onde quer que estejam, todos têm um nível desproporcional de influência em seu ramo
de atividade. Possuem os consumidores e os funcionários mais leais. E costumam ser mais lucrativos que os concorrentes”, afirma o autor no livro.
Não se trata de tarefa simples, obviamente. O próprio autor não vende suas ideias de forma utópica, mas reconhece que incentivar uma mudança profunda na estrutura das organizações não é algo para ser feito do dia para a noite. Até mesmo porque a maioria das companhias e empresas acredita no formato atual de liderança e inspiração promovida por seus líderes. O problema é que não se sentir motivado ou inspirado é um dos motivos que mais geram insatisfação nas
pessoas no âmbito profissional. É claro que o salário conta, os benefícios são importantes, mas trabalhar diariamente sem enxergar um propósito naquilo que faz é sensivelmente desanimador. E a regra é clara: quem trabalha infeliz, produz mal (ou pouco).
Sinek destaca que a habilidade de inspirar e motivar é algo que pode ser aprendido por qualquer pessoa, não sendo restrita apenas àqueles que supostamente nasceram com esse dom. O que muitas pessoas em cargo de liderança esquecem atualmente é que não basta oferecer algo aos funcionários para que estes se tornem mais motivados/incentivados.
A própria figura do líder, daquele funcionário que hierarquicamente está acima, deve inspirar aqueles que a ele são subordinados. Esses serão verdadeiramente os grandes líderes, os que serão lembrados por aqueles a que inspiraram, mesmo que futuramente deixem de trabalhar juntos. “Os grandes líderes […] oferecem um sentimento de propósito e de pertencimento que tem pouco a ver com qualquer incentivo externo ou benefício que se possa obter. Para aqueles que estão inspirados, a motivação para agir é profundamente pessoal”, explica. A leitura do livro de Sinek é fluida, já que o autor utiliza linguagem simples e direta, mencionando também exemplos de celebridades que são líderes praticamente
unânimes em todo o mundo. O autor traz aos leitores a sistemática de como pensam, agem e se comunicam os líderes que exercem a maior influência sobre pessoas de distintos países. Ao identificar o porquê de suas ações, ou seja, a razão que
torna seus negócios diferenciados e autênticos, esses líderes conseguem “vender” de forma mais eficaz o propósito relacionado às suas empresas/instituições.
Assim, é possível atingir o cerne daquilo que verdadeiramente motiva os funcionários. Em um mundo no qual as pessoas têm cada vez mais dificuldade em conectar-se às suas empresas, a rotatividade do quadro de funcionários tem se tornado cada vez maior. Esse cenário dificulta a criação de uma cultura própria da companhia, fazendo com que constantemente seja necessário reforçar aos funcionários as práticas próprias
de cada ambiente. Motivado e identificado, o funcionário costuma seguir por mais tempo na empresa. Ao final, todos
saem ganhando.
Escrito por: Redação