Uma das grandes preocupações de quem atua na liderança de empresas – tenham elas o tamanho que for – reside justamente na formação de novos líderes. São inúmeras as questões. Há o tipo de executivo centralizador, que não vê em sua equipe alguém apto a substituí-lo. Há a empresa de estrutura familiar, cujo criador não vê em seus herdeiros um nome capaz de seguir sua trajetória. E há também aqueles que desejam se tornar líderes, mas carecem de exemplos ou até mesmo de uma estrutura adequada para crescimento em suas próprias organizações.
Com base em todos esses questionamentos, três consultores empresariais decidiram lançar, há 10 anos, um livro que trazia uma estrutura passível de ser utilizada nas mais diversas organizações. Agora, revista e atualizada em sua edição especial de 10º aniversário, a obra Pipeline de Liderança (Editora Sextante, 272 páginas, R$ 50) chega às livrarias brasileiras em um momento estratégico, no qual as empresas anseiam por novas lideranças.
O livro é escrito por Ram Charan, Stephen Drotter e James Noel e contempla a experiência do trio no atendimento realizado em mais de 100 empresas, entre elas General Electric, Goodyear, Citibank, Ford, entre outras.
O objetivo dos três é aparentemente complexo: apresentar um modelo que permita a identificação de futuros líderes, que possa avaliar suas competências, planejar seu desenvolvimento e medir seus resultados. O que o trio busca fazer é apontar fórmulas, formatos que não demandam grande estrutura ou investimento para serem implantados e que poderão deixar o processo de formação de líderes nas empresas muito mais claro e eficaz.
Quem organiza as ideias dos autores é Charan, um consultor internacionalmente reconhecido por seu trabalho com conselhos de administração e CEOs. Formado pela Harvard Business School, foi professor da Wharton, da Kellogg School of Management e do Leadership Institute da GE. É autor de mais de 25 livros e contribuiu com artigos para publicações como Fortune, Harvard Business Review, BusinessWeek e Time.
O pipeline abordado pelos autores nada mais é que a arquitetura interna que permite o desenvolvimento de gestores. Trata-se de um tema muitas vezes negligenciado por boa parte das empresas. E o prejuízo se torna evidente.
Afinal, quando uma empresa investe na formação de um futuro líder ela também está, ainda que indiretamente, investindo em seu próprio futuro. Movimentos de mercado são naturais e “fazem parte do jogo”, mas um executivo valorizado e capacitado para seguir evoluindo na empresa pensará três vezes antes de migrar para outro lugar.
Quem, no entanto, investe na formação de novos líderes de forma superficial e desorganizada, corre grande risco de simplesmente fornecer mão de obra mais qualificada para seus próprios concorrentes. Pior: por não estruturar seu programa de formação de líderes, acaba tendo sempre que buscar por nomes que considera mais qualificados no mercado e, consequentemente, acaba pagando caro por isso. Daí uma das principais virtudes do livro Pipeline de Liderança.
“O treinamento e o aconselhamento internos, ao lado de outros programas de desenvolvimento, não estão conseguindo garantir as passagens de bastão dentro do pipeline, tornando necessário buscar talentos fora de casa. O problema é que o número existente de líderes de alto desempenho é limitado. Todos estão lutando por um grupo relativamente pequeno de estrelas que, mesmo quando são recrutadas com sucesso, costumam mudar de uma empresa para outra sem pestanejar”, explicam os autores no livro.
“Necessita-se, portanto, de uma abordagem que permita às organizações manter os próprios pipelines de liderança completos e fluindo. Isso é mais fácil de dizer do que de colocar em prática, porque os requisitos da liderança mudaram muito e a maioria dos modelos de desenvolvimento não é adequada a essa realidade. Descobrimos, porém, que é possível seguir uma abordagem que leva em conta os diferentes requisitos dos vários níveis de liderança”, completam.
O livro é dividido em duas seções e a leitura flui com naturalidade, ainda que, em alguns momentos, a linguagem possa não ser tão usual a quem não está acostumado com o ambiente de grandes companhias.
Na primeira parte, os autores se preocupam em definir cada passagem de liderança, de modo a ilustrar as habilidades, o gerenciamento de tempo e os valores que são necessários para que os funcionários e empresas possam transpor essa passagem com êxito.
“Para manter o pipeline de liderança completo e fluindo, é fundamental ter conhecimento dos requisitos específicos, dos problemas comuns que os gestores vivenciam ao fazer a passagem e dos comportamentos ou atitudes característicos de alguém com dificuldade em fazê-la”, explicam.
A segunda parte está voltada diretamente à aplicação do pipeline em problemas e oportunidades de liderança que costumam surgir dentro das empresas. O objetivo do livro, segundo os autores, é mostrar que o pipeline é um modelo flexível, que pode ser adaptado pelas organizações para suas próprias situações e necessidades.
Por fim, antes de iniciar a leitura, vale seguir mais um conselho dos próprios autores. De acordo com eles, a adoção da abordagem de pipeline de liderança requer que as ideias tradicionais de liderança sejam desafiadas.
“Não é possível desenvolver líderes sem uma meta de desenvolvimento precisa, o que significa reconhecer que os papéis e as responsabilidades deles mudaram. O conceito multinível e multidimensional de liderança é uma realidade na vida corporativa moderna e, se você começar a desenvolver líderes com essa nova realidade em mente, será bem mais fácil fazer esse modelo funcionar para você e sua organização”, escrevem os autores na introdução do livro.
O livro traz ainda respostas às dúvidas dos leitores que surgiram nestes dez anos de lançamento do livro. Além disso, os autores trazem novas histórias e casos bem–sucedidos de transição de liderança para apontar diversos cenários possíveis para o pipeline. Vale a leitura!
Escrito por: Redação