Em livro, autores destacam as formas de como tomar decisões financeiras mais inteligentes
No Brasil, cerca de 45% da população adulta se encontra em estado de inadimplência. Trata-se de um cenário preocupante, já que o endividamento não gera danos somente à saúde financeira das pessoas, mas também impacta as relações pessoais, a produtividade no trabalho e outras questões em nosso dia a dia.
Nesse sentido, vale destacar um livro que chega às lojas brasileiras neste final de ano. Na obra A Psicologia do Dinheiro (Editora Sextante, 272 páginas, R$ 60), o psicólogo Dan Ariely uniu forças com o comediante Jeff Kreisler para revelar como as emoções dominam nossa maneira de lidar com o dinheiro e para derrubar as mais consagradas – e equivocadas – premissas das finanças pessoais.
Um dos principais pontos dos autores é que simplesmente pensar em dinheiro não resolve nossos problemas financeiros. Há determinados instintos que nos direcionam a certas “tentações” e nos fazem gastar em demasia. Um de seus objetivos, portanto, é fazer o leitor driblar esses instintos, de modo a fazer escolhas melhores e a gastar com inteligência.
Lidar com dívidas e problemas financeiros é algo que pode facilmente nos “tirar do eixo”. De acordo com pesquisas citadas pelos autores no livro, o dinheiro é o maior motivo de divórcios e a causa número um de estresse nos Estados Unidos. No Brasil, o dinheiro também aparece como uma das principais causas de estresse, juntamente com o medo da violência e do desemprego. Além disso, de acordo com os autores, já é comprovado que somos piores em resolver qualquer tipo de problema quando estamos passando por complicações financeiras.
Dan Ariely é professor de Psicologia e Economia Comportamental na Universidade Duke (Estados Unidos), além de ser autor de inúmeros livros e artigos científicos. Já Jeff Kreisler formou-se em Direito pela Universidade de Princeton, mas acabou se tornando escritor, palestrante, comentarista, colunista, comediante e defensor da Ciência Comportamental.
Um dos trunfos dos autores é justamente o fato de um complementar o outro em diferentes estilos. Assim, mesmo ao tratar de um tema complexo e teórico, o livro adota um tom mais bem humorado e leve, contando exemplos divertidos de situações que exemplificam a forma como fatores emocionais e psicológicos influenciam muito nossos gastos.
“Pensar muito sobre dinheiro seria ótimo se isso nos ajudasse a tomar decisões melhores. Mas não é o que acontece. A verdade é que tomar más decisões nessa área é algo próprio da natureza humana. Somos Ph.Ds em bagunçar nossas vidas financeiras”, explicam os autores, que deixam claro que o livro não busca simplesmente promover educação financeira aos leitores.
“Dada a importância do dinheiro – para nossa vida, para a economia e para a sociedade –, e dados os desafios de pensar sobre ele de forma racional, o que podemos fazer para melhorar nossa forma de pensar? A resposta padrão para essa pergunta costuma ser ‘educação financeira’. Infelizmente, lições de educação financeira, à semelhança daquelas sobre como comprar um carro ou obter um financiamento imobiliário, tendem a ser esquecidas rapidamente, com impacto de longo prazo quase nulo sobre as nossas ações”, explicam.
Os especialistas apontam que a ideia do livro é explorar alguns dos erros mais comuns que cometemos em relação ao dinheiro e, mais importante, por que os cometemos. Dessa forma, quando enfrentarmos nossa próxima decisão financeira, talvez sejamos mais capazes de entender as forças em jogo e de fazer escolhas melhores. Ou ao menos de fazer escolhas com base em mais informação.
“Acreditamos que revelar as forças complexas por trás das decisões financeiras pode melhorar a relação com as nossas finanças. Acreditamos também que, entendendo o impacto do dinheiro sobre nosso pensamento, seremos capazes de tomar melhores decisões não financeiras. Por quê? Porque nossas decisões em relação a dinheiro envolvem mais do que apenas dinheiro. As mesmas forças que moldam nossa realidade nessa área também influenciam a maneira como valorizamos o que é importante no resto de nossa vida: como passamos nosso tempo, gerenciamos nossa carreira, aceitamos outras pessoas, desenvolvemos relacionamentos, ficamos felizes e, enfim, como entendemos o mundo à nossa volta”, afirmam.
Logo na introdução do livro, os autores fazem uma série de questionamentos que certamente não são considerados corretamente pelas pessoas, estando ou não em situação de dificuldade financeira.
Eles perguntam, por exemplo, se o leitor vê diferença entre usar cartão de crédito ou dinheiro para pagar suas compras. Nesse sentido, explicam que, de acordo com estudos, o ser humano se mostra disposto a gastar mais quando usa cartão de crédito. “O uso do cartão aumenta a nossa tendência a subestimar ou esquecer quanto gastamos”, completam.
Citam ainda o exemplo de uma situação na qual somos impelidos a optar por uma prestação de serviço mais longa, na esperança de que, por ser mais extenso, o serviço será executado com mais qualidade. Desconsideramos, no entanto, que esse tipo de situação tem a tendência de gerar mais gastos inesperados e que não necessariamente envolve mais qualidade em sua execução.
Outro ponto abordado pelos autores é que a maior parte das pessoas simplesmente não está se preparando o suficiente para quando se aposentar. Ou seja, detêm a mínima noção a respeito de quando irão se aposentar, de quanto estão poupando para usufruir desse período e de quanto precisarão mensalmente após pararem de trabalhar.
“Este livro revela como pensamos sobre dinheiro e os erros que cometemos ao pensar nele. Ele discute as lacunas entre a nossa compreensão consciente de como o dinheiro funciona, como realmente o usamos e como deveríamos pensar sobre ele antes de usá-lo. E apresenta os desafios que enfrentamos ao raciocinar sobre dinheiro e os erros mais comuns que cometemos ao gastá-lo”, complementam.
Vale a leitura!
Escrito por: Redação