O conceito é simples. São investimentos planejados que mobilizam companhias, organizações e fundos na geração de benefícios sociais e ambientais, alinhados com a busca de retorno financeiro.
Quer um exemplo? A d.light é uma empresa de São Francisco, na Califórnia, com fins lucrativos e interesses sociais. Fabrica e distribui, no mundo em desenvolvimento, produtos de iluminação que utilizam energia solar.
Diretamente, emprega 100 pessoas; indiretamente, outras centenas. Comercializa meio milhão de lanternas solares todos os meses, proporcionando comodidade a 76 milhões de pessoas.
Outro exemplo é o Etsy, uma plataforma digital de comércio focada em produtos artesanais exclusivos e itens vintage, como joias, peças de arte, roupas e brinquedos. Gera mercados, serviços e oportunidades econômicas para dezenas de milhares de empreendedores criativos.
O empreendedor, investidor e filantropo norte-americano Ibrahim AlHusseini afirma que este novo padrão de negócios pode garantir prosperidade, segundo um novo padrão capitalista, e simultaneamente constituir forte impacto na erradicação da pobreza, na preservação ambiental, na geração de segurança alimentar, na melhoria dos serviços de educação e saúde e na promoção da igualdade de gênero.
Ele avalia que os investimentos em causas sociais e ambientais geram um retorno de investimento muito maior do que aquele obtido por meio de doações convencionais e da velha filantropia.
Em sua visão, cria-se um círculo inclusivo de prosperidade quando se apoia um fazendeiro ecologicamente consciente, uma startup de saúde ou uma companhia dedicada a oferecer soluções de energia renovável.
“Com investimentos de impacto, elimina-se o conflito entre a busca do lucro e a preservação de princípios éticos”, considera. “Temos o imperativo moral de agir de modo colaborativo para transformar nossas economias e redefinir nossas noções de valor”.
Essas crenças são compartilhadas por Audrey Choi; filha de imigrantes norte-coreanos que se formou em Harvard, prestou serviços à Casa Branca e atua como CEO do Morgan Stanley’s Institute for Sustainable Investing.
Em pesquisa conduzida pela entidade que dirige, ela descobriu que 71% dos investidores individuais estavam interessados em projetos sustentáveis, mas que 54% dos consultados previam lucrar menos se colocassem dinheiro nesse tipo de empreendimento.
De acordo com Audrey, esse medo deriva da desinformação. E cita o caso de empresas como Burt’s Bees e Ben & Jerry’s, que começaram pequenas, com consciência social, ganharam a admiração dos consumidores e adquiriram expressivo valor de mercado.
Ela costuma citar uma pesquisa da Harvard Business School que mostra algo fascinante. O retorno do investimento em empresas que se concentram em crescer, mas também em assuntos sociais e ambientais, é quase o dobro em relação àquele obtido no investimento em empresas que focam somente em fazer mais dinheiro.
“Elas não conseguem essa performance superior doando dinheiro para parecerem corporações bacanas, mas se concentrando no que importa para os negócios, como consumir menos energia e construir uma cultura de primeira classe que forme trabalhadores mais leais e produtivos”, explica.
Audrey cita uma extensa pesquisa da Universidade de Oxford que examinou 120 estudos sobre o efeito da sustentabilidade em resultados econômicos. O resultado: empresas responsáveis, capazes de compartilhar benefícios, têm melhor eficiência operacional, menores custos de capital e melhor performance no preço de suas ações.
Para a especialista, precisamos dissolver o preconceito, ou seja, a crença no mito de que ações dessa natureza são menos lucrativas. Ela costuma fechar suas palestras com a seguinte frase: “Invista na mudança que você quer ver no mundo; mude as fábulas e mude os mercados”.
E você, já reciclou seus conceitos? Já sabe como compartilhar para multiplicar? Aproveite as oportunidades oferecidas àqueles que ousam produzir de forma generosa e responsável.
Afinal, a teoria, na prática, funciona!
Escrito por: Carlos Júlio