Especialista explica como usar um método eficaz para organizar informações e desbloquear o potencial criativo
O volume de informações a que o ser humano passou a ter acesso nas últimas décadas aumentou exponencialmente. Já há alguns anos, um estudo revelou que a quantidade de dados em uma edição de domingo de um jornal como o norte-americano The New York Times era maior do que o montante de informações a que um cidadão médio teria acesso durante toda a sua vida na Idade Média.
Esse cenário naturalmente favorece o desenvolvimento da sociedade humana como um todo, mas também gera um excesso de informações que não necessariamente são utilizadas de forma produtiva no dia a dia. Afinal, quantas vezes você não se deparou com alguma informação relevante, algum artigo de opinião interessante ou com uma obra que lhe gerou importantes insights para sua vida profissional ou pessoal? Você certamente não conseguiu utilizar posteriormente todas essas informações em seu potencial, já que provavelmente se esqueceu do conteúdo ou sequer se recorda de sua fonte.
Ou seja, mais um caso de dados relevantes que passam correndo em seu dia a dia e simplesmente se perdem em meio ao mar de informações a que temos acesso cotidianamente.
Para ajudá-lo a lidar com esse problema da modernidade, chega às livrarias a obra Criando um Segundo Cérebro (Editora Sextante, 240 páginas, R$ 55). No livro, o especialista em produtividade Tiago Forte apresenta um método para guardar e acessar informações, de modo a aumentar a efetividade de cada um e potencializar as ideias.
Logo no início do livro, Forte questiona o leitor sobre a quantidade de ocasiões em que tentou se lembrar de alguma coisa importante e teve a sensação de que estava “quase lá”, porém sem conseguir acessar essa memória específica.
De acordo com ele, essas experiências têm se tornado cada vez mais comuns à medida que aumenta a quantidade de informações a que temos acesso. “Nunca fomos tão bombardeados por dicas que prometem nos tornar mais inteligentes, saudáveis e felizes. Consumimos mais livros, podcasts, artigos e vídeos do que somos capazes de absorver. Mas, o que realmente estamos fazendo com todo esse conhecimento? Quantas das grandes ideias que tivemos ou encontramos ao longo do caminho desapareceram da nossa memória antes de termos a chance de colocá-las em prática?”, questiona.
Segundo o autor, o objetivo do livro é mudar a forma como lidamos com a informação. Para isso, Forte utiliza conceitos presentes nos mais recentes avanços no campo da Gestão do Conhecimento Pessoal. A ideia é ensinar o leitor a:
- Guardar qualquer coisa que tenha aprendido, pensado ou acessado, podendo encontrar tudo em segundos, sem precisar recriar nada.
- Gastar menos tempo procurando algo e mais tempo trabalhando de maneira eficaz e criativa.
- Organizar seu conhecimento e usá-lo para concluir projetos e metas de forma mais consistente.
- Conectar ideias e perceber padrões em diferentes áreas da vida e, assim, aprender a viver melhor.
“Para conseguir aproveitar as informações que mais valorizamos, precisamos descobrir um jeito de empacotá-las e enviá-las para o nosso eu futuro. Precisamos desenvolver um corpo de conhecimento que seja exclusivamente nosso. Assim, quando surgir a oportunidade – seja para mudar de emprego, fazer uma grande apresentação, lançar um novo produto, começar um negócio ou uma família –, teremos acesso à sabedoria necessária para tomar boas decisões e adotar as medidas mais eficazes. Tudo começa com o simples ato de anotar”, explica.
Esse é, em tese, um dos principais méritos dos conceitos expostos pelo autor. Em seu livro, ele pretende trabalhar com conceitos e princípios atemporais e imutáveis, que não necessariamente dependem do uso de determinado aplicativo ou sistema online. Muitos livros e cursos de gestão de tempo e produtividade focam sua teoria na utilização de uma ferramenta específica, geralmente online, que seria o suficiente para organizar o dia a dia e tornar mais eficientes os trabalhos das pessoas.
No caso de Forte, o sistema não se sustenta em um formato apenas. Apesar de soar simplório, isso representa um avanço no sentido de que os conceitos podem ser mais bem utilizados de forma híbrida para a vida pessoal e profissional, sem ficar restrito a uma delas.
“Precisamos desesperadamente de um sistema que nos ajude a gerir o volume de informações que chegam até nós. Já ouvi esse apelo de estudantes e executivos, empresários e gestores, engenheiros e escritores, e tantos outros que buscam uma relação mais produtiva e empoderada com as informações que consomem”, escreve no livro.
O especialista sustenta que aqueles que aprendem a usar a tecnologia e a dominar o fluxo de informações ao longo da vida conseguem alcançar todas as suas metas. “Por outro lado, os que continuam dependendo de seus frágeis cérebros biológicos ficam cada vez mais sobrecarregados com a complexidade de suas vidas”, completa.
A linguagem de Forte é leve e bastante didática, mas a única ressalva diz respeito a não tratar a solução apresentada por ele como uma fórmula mágica para todos os problemas de organização de informações e produtividade. Trata-se de um modelo muito funcional e que, de fato, pode contribuir muito para aqueles que desejam tirar maior proveito das milhares de informações que chegam ao nosso alcance no cotidiano. Só não pode ser tratada como a única saída viável para o cenário em que vivemos.
De todo modo, vale a leitura, principalmente se você já não aguenta mais esquecer aquelas “ideias brilhantes” que teve em momentos inusitados!
Escrito por: Redação