Apesar de origem ‘raiz’, SUV grande entrega muito conforto e itens de segurança. Visual da traseira é polêmico, e preço esbarra em modelos de marcas de luxo.
Pajero é um daqueles nomes fortes da indústria automotiva. Em terras brasileiras, a fama vem desde os anos 90, época em que a Mitsubishi começou a vender seu SUV “brutamonte” por aqui.
Agora, a fabricante quer escrever um outro capítulo desta história e renova as esperanças com o Pajero Sport. Se bem que esta geração, importada da Tailândia, foi apresentada há alguns anos no exterior, onde até já passou por uma reestilização.
Fato é que o Pajero Sport é vendido em versão única, por R$ 265.990. É o modelo mais caro da marca japonesa disponível por aqui.
Seu preço é R$ 7 mil mais alto do que o do veterano Pajero Full, que pouco mudou desde o lançamento, mais de uma década atrás.
Aliás, é com esse veterano que o Pajero Sport deverá brigar, ainda dentro das próprias lojas da Mitsubishi. Aqui vai um alerta de spoiler. A aposentadoria do modelo mais antigo pode estar mais próxima do que se imagina, graças exatamente às virtudes do novato.
Ele também deverá encontrar uma concorrência pesada fora das concessionárias. Afinal, terá que encarar a consagrada dupla Toyota SW4 e Chevrolet Trailblazer.
O G1 avaliou o Pajero Sport por uma semana. Comparando com o Pajero Full, há mais espaço, ainda que em uma carroceria um pouco menor. São 4,78 metros de comprimento, 11 cm menos, só que com entre-eixos, de 2,80 m, 2 cm maior.
O mesmo acontece na comparação com o Toyota. Ele só perde para o Trailblazer, o mais espaçoso entre os modelos citados (veja tabela acima).
O motor também é uma evolução em relação ao Pajero Full. O propulsor é um pouco menor e 10 cavalos menos potente. No 2.4 de 4 cilindros, há 190 cv e 43,9 kgfm. O câmbio automático de 8 marchas é um salto evolutivo na comparação com o de 5 marchas usado no Full.
Outra vez o Pajero Sport supera a SW4, com seus parcos 177 cv, mas perde para os 200 cv da Trailblazer.
No uso urbano, o Pajero Sport registrou consumo médio de 8,5 km/l, enquanto na estrada o índice melhorou para 12,5 km/l, números parecidos com os do Inmetro, de 8,9 e 11,7 km/l, respectivamente.
Apesar de ser menos potente, o motor 2.4 dá conta do recado na maior parte das situações. Ele fica devendo apenas um pouco mais de ânimo em retomadas, principalmente em rodovias.
Mas sua maior virtude é a suavidade no funcionamento, com poucas vibrações e entrosamento com a transmissão. O bom isolamento acústico da cabine também garante que o ruído não incomode os ocupantes.
Pacotão de segurança
O Pajero Full é recheado com uma farta lista de equipamentos, que inclui ar-condicionado digital com 2 áreas de temperatura, acesso e partida por chave presencial, teto solar, sensores de luz e de chuva, freio de estacionamento eletrônico, bancos dianteiros com ajustes elétricos, retrovisor antiofuscante e faróis em LED.
A central multimídia, de 7 polegadas, é a mesma usada pela Nissan — as duas marcas fazem parte de uma aliança, que também inclui a Renault. Ela tem funcionamento simples e intuitivo, e pode ser pareada com celulares via Android Auto e Apple CarPlay.
O pacote de itens de segurança é igualmente generoso. Há airbags frontais (obrigatórios), laterais, de joelho — para o motorista, de cortina — para as 3 fileiras de bancos, controle de velocidade adaptativo, que mantém a distância para o veículo da frente, frenagem automática de emergência, alerta de ponto cego, além dos conhecidos controles de tração e estabilidade.
Ele é o único entre seus rivais diretos a oferecer tais dispositivos, alguns só vistos em modelos considerados de luxo, mas de porte menor. Mas fica devendo abertura elétrica da tampa do porta-malas. Principalmente porque é um carro de mais de 1,80 metro de altura.
Várias formas de olhar
Mudando radicalmente de assunto, é importante falar sobre o visual do Pajero Sport a partir diferentes pontos de vista. Literalmente.
A frente alta, trazendo a “armadura” cromada típica da identidade visual da marca japonesa, impõe respeito e agrada. Até a vista lateral, com as molduras das janelas ficando mais estreitas na traseira tem seu charme.
Mas a coisa muda de figura na traseira, com um desenho polêmico. Lá, tampa do porta-malas e para-choque são alinhados paralelamente. Enquanto isso, as lanternas “escorrem” pela carroceria, formando um efeito estranho quando acesas.
No exterior, a Mitsubishi até já corrigiu a questão com uma reestilização. Mas ela ainda não tem previsão de chegar por aqui.
Sorte da Mitsubishi que a “síndrome de patinho feio” é superada por outros fatores.
Como o conforto a bordo. Depois de escalar o veículo e chegar na cabine, os ocupantes são muito bem recebidos pelos bancos, que oferecem ótimo apoio para o corpo. Os comandos estão bem localizados, com exceção da entrada USB, que fica escondida em um nicho no console central, encoberta pela alavanca de câmbio.
Montagem rápida
A cabine oferece ótimo espaço para os cinco ocupantes das duas primeiras fileiras.
Mesmo quem vai na terceira fileira, se tiver até 1,75 metro, não raspa a cabeça no teto, embora tenha que viajar com o joelho mais alto do que o quadril. O espaço ali é superior ao da Toyota SW4, por exemplo.
A montagem dos assentos extras é extremamente simples. Enquanto os assentos ficam dobrados, os encostos vão embutidos no assoalho do porta-malas.
Basta puxar uma alça para erguer o encosto e baixar o assento. O processo todo leva menos de 10 segundos.
Confortável e rústico ao mesmo tempo
Embora tenha um enorme aparato de segurança, o Pajero Sport pode ser considerado um SUV “raiz”. Seu chassi é montado sobre longarinas, com a mesma base da picape L200.
Tem muito conforto, mas sua condução ainda é um tanto rústica. Basta frear um pouco mais forte para notar a dianteira “afundando”.
A suspensão é mole, e tem acerto voltado para o conforto. Além disso, como é um veículo alto, é praticamente impossível não sentir a carroceria rolando em curvas.
Sua direção é hidráulica e é tão macia quanto um pedaço de ferro. Isso acaba atrapalhando em manobras, mas tudo melhora com o veículo em movimento.
Mas há avanços em uma área sensível para os compradores deste tipo de veículo: aptidão off-road. Aquela alavanca auxiliar para escolher o tipo de tração, tão atual quanto uma televisão de tubo, foi suprimida.
Em seu lugar, um seletor giratório. Com ele, o motorista pode escolher entre tração em 2 rodas (traseiras), 4 rodas, 4 rodas com reduzida e 4 rodas com o diferencial bloqueado.
Ainda existe um modo específico para off-road. Com ele, o veículo pode ter motor, câmbio, freios e auxílios eletrônicos ajustados especificamente para superfícies com pedras soltas, lama, areia e rochas.
Mesmo em estradas de terra mais esburacadas, o Pajeto Sport esbanja conforto, sem maltratar a coluna dos ocupantes com sacolejos.
E diante das rivais?
A Toyota SW4, em sua versão topo de linha, SRX Diamond, custa mais e entrega menos. Por R$ 279.990, tem motor mais fraco, câmbio menos refinado e nenhum item de condução autônoma. De quebra, sua central multimídia parece ter vindo da década passada.
Já a Trailblazer Premier, de R$ 235.990, é R$ 30 mil mais em conta. Só que oferece motor mais potente. Na lista de equipamentos, não tem todas as assistências do Pajero Sport, mas entrega direção elétrica, alerta de ponto cego, de saída de faixa e de colisão frontal.
Por esse valor, o Pajero Sport também acaba encarando concorrentes do segmento de luxo. É o caso do Land Rover Discovery Sport SE, que também leva 7 pessoas, tem motor diesel e custa R$ 264.100. Ou do Volvo XC60 D5, mais requintado, mas que só acomoda 5 pessoas. Ele sai por R$ 275.950.
O Pajero Sport chegou atrasado ao Brasil. Mas, agora que chegou, mostra que pode ser melhor do que seus concorrentes diretos, ainda que custe bem mais do que o Trailblazer.
Fonte: G1