Fabricante anunciou que irá reabrir turno de fábrica no Paraná. 500 trabalhadores que estão parados há 2 anos serão chamados de volta.
Em um momento em que a General Motors ameaçou sair do país e a Ford anuncia o fechamento de uma fábrica e a saída do mercado de caminhões, a Volkswagenafirmou que abre mão de liderança em detrimento a uma maior rentabilidade da operação brasileira.
A declaração foi o presidente da marca no Brasil, Pablo Di Si. “Se o mercado tiver 60% de vendas diretas [menos rentáveis], posso ser 2º, 3º, 4º, até 5º colocado. Queremos a liderança com carros que as pessoas desejam e sejam rentáveis”, completou o executivo.
Atualmente, a marca é a vice-líder, mas já demonstrou em diversas ocasiões que tem trabalhado para ser a primeira colocada no país.
Parte da estratégia passa pelo lançamento de uma linha de 5 SUVs, produtos de maior valor agregado, e, consequentemente, maior lucratividade.
Volkswagen T-Cross no Salão do Automóvel de São Paulo — Foto: Marcelo Brandt/G1
O principal deles, o T-Cross, teve os preços revelados na última terça-feira (19). Para executivos da empresa, o modelo deve brigar pela liderança do segmento, ocupada em 2018 pelo Hyundai Creta, com Honda HR-V, Nissan Kicks e Jeep Renegade muito próximos, com diferença de 3 mil unidades.
Dos 630 carros que a fábrica de São José dos Pinhais (PR) produz diariamente, 400 devem ser T-Cross. Além disso, a partir de abril, a unidade voltará a ter um segundo turno de produção. Com a medida, 500 funcionários que estavam em layoff voltarão ao trabalho depois de quase dois anos.
Do Brasil para o mundo
Além das grandes expectativas de vendas do modelo no Brasil, a Volkswagen também anunciou que irá exportar o T-Cross, a partir do ano que vem, para 20 países fora da América Latina.
Entre as localidades que devem receber o SUV compacto feito no Paraná estão Argélia, Egito e Turquia. Ele será o primeiro produto da linha atual a ser enviado para estes países.
Volkswagen T-Cross na fábrica da marca em São José dos Pinhais (PR) — Foto: André Paixão/G1
Contudo, o sucesso do T-Cross, além da chegada de novos produtos para a fábrica paranaense, pode acabar decretando a morte de um outro modelo, o Golf.
“Se vier a decisão de produzir outros modelos [no Paraná], vamos ter que rever”, apontou Pablo Di Si. Uma possível alta demanda pelo T-Cross pode ser outro fator decisivo para o futuro do Golf nacional.
Vale lembrar que a nova geração do hatch médio será apresentada ainda este ano na Europa.
Antes mesmo de o T-Cross chegar, a Volkswagen resolveu tirar de linha outro modelo, a Golf Variant, versão perua do médio. As importações do México foram suspensas, e as vendas só continuarão até o fim dos estoques.
Fox revive e Golf pode morrer
Curiosamente, o Fox, outro modelo feito no Paraná e que tinha a morte dada como certa, ganhou sobrevida com números sólidos de vendas. Em janeiro, foram mais de 4 mil unidades.
De acordo com a Volkswagen, o hatch é um bom exemplo de sucesso da estratégia de reduzir o número de versões.
Volkswagen Fox Connect — Foto: Divulgação
“Simplificamos a gama em 90% e as vendas cresceram 35%”, falou Di Si. Hoje, são apenas duas versões do Fox, ambas com motor 1.6 de 104 cavalos. Os preços vão de R$ 50.990 a R$ 56.090.
Aliás, a jornada do modelo está garantida, pelo menos, até 2021, quando começa o novo ciclo de investimentos da marca.
Fora dos populares
Ainda que o Fox e outros hatches pequenos, como Polo e Gol vendam bem, a Volkswagen ainda não é capaz de incomodar o líder do segmento e carro mais emplacado do país, o Chevrolet Onix.
Porém, a Volkswagen não parece preocupada em ter um modelo que se aproxime do rival. A marca, inclusive, está disposta a observar de longe o segmento dos carros populares se o veículo escolhido para esta categoria não for rentável.
Por enquanto, os alemães brigam com o Onix com vários concorrentes. Polo, Gol, Fox e Up preenchem uma grande fatia do segmento, mas, mesmo somados, ficam aquém do volume do Chevrolet.
Volkswagen Up deve sofrer novo reposicionamento com foco nas versões turbo — Foto: Divulgação/Volkswagen
O Up, o menos vendido deste grupo, deve sofrer uma nova mudança no posicionamento de mercado. O subcompacto nunca conseguiu atingir os ambiciosos objetivos de venda da marca.
De acordo com Gustavo Schmidt, vice-presidente de vendas e marketing da Volkswagen no Brasil, o foco devem ser as versões com motor turbo.
6 elétricos e híbridos até 2025
Ainda este ano começa uma outra ofensiva de lançamentos da marca, com carros híbridos e elétricos. Serão 6 modelos do tipo nos próximos 5 anos. O primeiro a chegar será o Golf GTE, versão híbrida do hatch médio.
O presidente da Volkswagen, porém, descartou, por enquanto, a chegada do principal carro elétrico da marca, o I.D., que também terá sua versão final revelada em 2019.
Golf GTE: elétrico está confirmado para o Brasil — Foto: Divulgação/Volkswagen
Fonte: G1