Filtros coalescentes são promissores e mais avançados para realizarem filtragem mais fina, enquanto os de barreira, com tratamento especial para repelir água, funcionam bem em caminhões mais antigos.
O óleo diesel, muito usado no setor automotivo, além de conter contaminantes sólidos, apresenta água, proveniente da respiração natural dos tanques de combustível dos postos de abastecimento e dos próprios veículos. Com a água surgem também fungos e bactérias que se alimentam de diesel, se proliferam ainda mais com o biodiesel, e, assim, geram a borra. “A contaminação da água nos combustíveis é o maior fator de impacto de performance nos motores diesel e pode ocasionar diversos danos, como corrosão do sistema de injeção e aumento de emissões de pol uentes”, advertiu Denis Nascimento, mestrando em Engenharia Mecânica, que atua em projetos para o desenvolvimento de filtros separadores de água do diesel para o mercado de caminhões, ônibus e máquinas na Parker Hannifin, no “Abra Talks”, evento técnico e informativo virtual da Abrafiltros – Associação Brasileira das Empresas de Filtros e seus Sistemas – Automotivos e Industriais, realizado no dia 4 de fevereiro, com o tema “Tecnologias de separação de água do diesel”.
O limite aceitável de quantidade de água presente no diesel, definido pela EN590, é de 200ppm. O biodiesel pode absorver até 1500ppm. Nascimento explicou que, no Brasil, o diesel S10 conta com adição de aditivos, que faz a tensão de interface entre água e diesel (IFT) cair. “Quando possui baixa tensão superficial, a separação se torna mais difícil, pois o meio filtrante se torna sensível à velocidade do fluido não conseguindo realizar a separação”, alertou.
Além do baixo IFT, entre os desafios para a separação de água, Nascimento citou gotículas de água pequenas, emulsão mais estável por conta do biodiesel, aditivos e diesel com baixo teor de enxofre. Comentou também algumas tendências, como o aumento da demanda de filtros para baixo IFT e filtros coalescentes, os mais promissores. “A arquitetura das fibras é projetada para atrair gotículas de água de combustíveis com alto teor de surfactantes e progressivamente coalescer as gotículas de água em gotículas maiores e fazer a separação final”, explicou Nasc imento, acrescentando que nos filtros de barreira, assim que as plissas ficam saturadas, a sua superfície tem propriedades alteradas, caindo a eficiência de separação de água.
Disse que os testes de separação de água são realizados de acordo com as normas ISO 16332, SAE J1488 e SAE J1839, atendendo os requisitos dos clientes, como tamanho das gotículas de água, IFT, % de injeção de água, vazão e tipo de combustível. “No caso da ISO 16332, é preciso ter um gerador de gotículas de água para que seja misturada ao diesel, simulando a aplicação real, segundo a norma, para filtros de sucção: 150µm e para filtros na pressão: 10µm”, esclareceu.
O evento foi dividido em três apresentações de 30 minutos, José Alexandre Marques, engenheiro e consultor da JAM Treinamentos, apresentou o tema “Sugestões para redução de custo de filtração em processos industriais”. Em seguida, o Prof. Dr. Fabio Campos, coord. da Câmara Setorial de Filtros para Estações de Tratamento de Água, Efluentes e Reúso – CSFETAER e Doutor em Ciências da FSP/USP e responsável pelo Laboratório de Saneamento – PHA/EPUSP, falou sobre “Ecossaneamento” e Nascimento finalizou com sua apresentação.
Para o presidente da Abrafiltros, João Moura “o Abra Talks tem sido o ponto de encontro do nosso setor. Estamos satisfeitos com o alto nível do debate e esperamos que o conteúdo contribua para o desenvolvimento do segmento”.
O próximo “Abra Talks” acontece no dia 11 de março, das 09h às 10h30. O evento é transmitido ao vivo e de forma gratuita. Já o conteúdo na integra, estará disponível somente para associados da Abrafiltros.
Fonte: Verso Comunicação e Assessoria de Imprensa