Novo Corolla deve estrear a tecnologia, mas as duas fábricas da empresa estão aptas a produzir esse tipo de carro. ‘Chefão’ para Am. Latina agora ‘sonha’ com SUVs de Etios, Yaris e Corolla.
A Toyota vai lançar o primeiro carro híbrido com motor flexno Brasil no último trimestre deste ano. A confirmação foi feita pelo presidente-executivo da montadora na América Latina, Steve St. Angelo, nesta terça-feira (12), em São Paulo.
O executivo não confirmou qual modelo será o responsável por estrear a tecnologia. O favoritíssimo ao posto é o sedã Corolla, cuja nova geração chega também neste ano.
Desde o início do ano passado a fabricante japonesa testa um Prius com a tecnologia que usa um motor elétrico e outro a combustão, que pode ser abastecido com gasolina ou etanol.
Toyota Prius híbrido começa testes no Brasil — Foto: Rafael Miotto/G1
Todos os indícios apontam para o Corolla pelo simples fato de já ter sido apresentada no exterior a versão híbrida desta nova geração do sedã. Ela traz o mesmo conjunto mecânico do Prius, um motor 1.8 a combustão e outro elétrico. Somados, eles entregam 122 cavalos.
Além disso, a Toyota já prepara a fábrica de Indaiatuba (SP) para produzir a nova geração do Corolla. O local recebeu R$ 1 bilhão em investimentos, anunciados em setembro último.
Segundo o presidente da montadora no Brasil, Rafael Chang, esta fábrica e a unidade de Sorocaba (SP), onde são produzidos Yaris e Etios, podem fazer híbridos.
Ou seja, futuramente, a montadora deverá ter outros modelos com a tecnologia, além do novo Corolla e do Prius, que é importado.
Além disso, a fábrica de motores de Porto Feliz (SP) também vai produzir o motor híbrido, mas com a maior parte dos componentes vinda do exterior, já que os fornecedores locais ainda não dispõem dessa tecnologia.
Incerteza sobre SUVs
Toyota RAV4 vendido no Brasil está uma geração atrás do modelo americano — Foto: Divulgação
Mas a Toyota diz ainda estudar possibilidades para a entrada no segmento de SUVs menores do que o RAV4, o segmento mais disputado dos últimos anos. É uma das poucas marcas entre as que mais vendem no Brasil que está fora dele.
A montadora é muito cobrada por clientes e concessionários para entrar nessa categoria. “Estamos brigando (para ter o SUV)”, afirmou Chang. “Eu brinco com o Steve que eu não saio daqui enquanto o Brasil não tiver.”
Steve St. Angelo diz que seu “sonho” é ter SUVs derivados dos atuais produtos da marca, como Etios, Yaris e Corolla.
Segundo ele, atualmente, a empresa não tem capacidade produtiva para implantar novos produtos nacionais. “Estamos com a produção no limite”, explicou. Sorocaba e Porto Feliz já operam em 3 turnos e seria necessário um novo investimento para expandi-las.
A importação continua sendo uma possibilidade.
‘Podíamos ser número 1’
CEO para América Latina e Caribe, Steve St. Angelo anuncia produção do Yaris no Brasil — Foto: Divulgação
Recentemente, a montadora tem brigado para se firmar entre as 4 maiores do país em vendas. Em 2018, os japoneses ocuparam a sétima colocação, cerca de 25 mil automóveis e comerciais leves (picapes e furgões) abaixo da Ford, a quarta colocada. A General Motors continua líder, com a Chevrolet.
“Podíamos ser o número 1 agora porque eu sei jogar esse jogo”, disse St. Angelo.
“Mas nosso carros têm um valor de revenda fantástico. Nós gerenciamos nosso preço, nos preocupamos com um crescimento sustentável e que os nossos concessionários ganhem dinheiro”, explicou.
“Na crise, não demitimos uma só pessoa. Nós também tivemos que fechar (temporariamente) fábricas, mas aproveitamos esse tempo para treinar os funcionários. A qualidade não caiu.”
Para o executivo, o crescimento deve ser sustentável: “Se você cresce rápido demais, cai rápido demais também.”
Lucro ou prejuízo?
Questionado sobre se a operação da Toyota no Brasil é lucrativa, Rafael Chang disse “que poderia ser melhor”.
O assunto está em destaque desde que a GM anunciou que vive um momento crítico após seguidos prejuízos no país, apesar da liderança nas vendas. A montadora, no entanto, não divulga esses dados. Nem a Toyota.
“Estamos fazendo um monte de dinheiro? Não. Estamos pagando nossas contas? Sim”, respondeu St. Angelo. “Se não vissem potencial, não me deixariam investir cerca de R$ 3 bilhões aqui.”
Fonte: G1