Esportivo de R$ 100 mil da Volks traz motor turbo e câmbio automático. Custo é alto, mas modelo tem ótimo compromisso entre desempenho e usabilidade.
Com R$ 100 mil, é possível levar para casa um sedã médio ou um SUV compacto, quase sempre em versões de entrada. Agora, se o espírito jovem do comprador falar mais alto, uma nova opção no mercado promete fazer brilhar os olhos de quem foi adolescente nas décadas de 80 e 90: é o Volkswagen Polo GTS.
Ele chega como a reencarnação do Gol GTS, lançado em 1987, e que deixou muitos órfãos, quando saiu de linha, sete anos depois.
Só que o Polo deve ser tratado como uma releitura moderna. Tem motor turbo, câmbio automático e até som simulado de escape. Tudo isso por R$ 99.470. Muito longe de ser barato. Mas, até aí, o Gol GTS, das décadas passadas, também não era.
Por esse preço, o cliente leva a distinção de alguns itens dentro da linha Polo. Caso do motor 1.4 turbo de 150 cavalos e 25,5 kgfm. É o mesmo usado em Jetta, T-Cross e Tiguan. Mas numa carroceria mais compacta e leve.
Tabela de concorrentes do Polo GTS — Foto: Foto: Marcelo Brandt/G1 e divulgação
O motor de 4 cilindros é casado com uma transmissão automática de 6 marchas. Ela pode ser configurada para atuar em um modo esportivo. Mas, vale adiantar que, sob pressão, acaba fazendo algumas trocas na hora errada. E isso, na pista, faz o piloto perder preciosos segundos.
Entretanto, como a maior parte dos futuros donos de Polo GTS não deve colocar o carro na pista, também é importante lembrar de outros recursos do hatch compacto voltados para o conforto.
Como o ar-condicionado digital, o quadro de instrumentos, também digital, acendimento automático dos faróis – esses, por sinal, são full-LED – start-stop, acesso e partida por chave presencial e central multimídia.
Motor 1.4 turbo é o mesmo usado em Jetta, T-Cross, Tiguan e Golf — Foto: Marcelo Brandt/G1
Não é só ‘maquiagem’
O Polo GTS se “exibe” nas ruas com rodas de 17 polegadas herdadas do finado Golf GTI, maçanetas e retrovisores em preto brilhante, saídas duplas de escape e friso vermelho na grade, com a sigla GTS.
Aliás, o nome da versão esportiva também aparece na tampa do porta-malas, onde a inscrição “Polo” acabou removida.
Detalhes do Polo GTS como mostradores na central multimídia, bancos esportivos e instrição GTS na lateral — Foto: Marcelo Brandt/G1
Dentro, há apliques em plástico vermelho no contorno da base da alavanca de câmbio, saídas de ventilação e costuras do volante. Ao melhor estilo esporte, o banco é inteiriço, e acomoda muito bem o corpo.
Só que, mesmo com todo o cuidado na preparação visual, a qualidade do acabamento poderia ser melhor – principalmente porque não trata-se de um Polo qualquer.
Detalhes do Polo GTS como mostradores na central multimídia, bancos esportivos e instrição GTS na lateral — Foto: Marcelo Brandt/G1
Fora toda a “maquiagem”, o GTS também recebeu mudanças em áreas específicas da engenharia. O eixo traseiro ficou mais rígido, enquanto barra estabilizadora dianteira é um pouco maior. Já as molas foram dimensionadas para o peso mais alto – cerca de 50 kg.
A direção não teve sua relação alterada, mas a curva foi modificada de assistência mudou, para entregar maior sensação de dureza. Ainda assim, ela se mostra confortável.
Apesar das mudanças, a família dos pneus é a mesma – a medida 205/50 R17 é a mesma do Highline com rodas de 17 polegadas oferecidas opcionalmente. A altura da carroceria também foi preservada.
Volkswagen Polo GTS — Foto: Marcelo Brandt/G1
Bom para o cotidiano
A “pimenta” moderada também faz o Polo ser um carro gostoso para ser usado no cotidiano. Ele não maltrata a coluna dos ocupantes, e o câmbio automático garante a dose de conforto em congestionamentos.
Mas, como carro esportivo, o Polo GTS convence? A resposta é sim.
Considerando um veículo de segmento compacto, o Volkswagen tem desempenho convincente. É, de longe, o mais ágil dos carros da marca com o motor 1.4.
Volkswagen Polo GTS — Foto: Marcelo Brandt/G1
Na pista, o Polo GTS mostrou que nasceu com uma boa estrutura. Mesmo tendo sofrido menos mudanças do que o Sandero RS, por exemplo, ele se comporta bem nas curvas.
Embora tenha uma grande tendência a sair de frente, a carroceria “rola” pouco.
Ao pisar fundo no acelerador, junto com as respostas espertas, o motorista ouvirá um prazeroso ronco encorpado. O problema é quem está fora. Pelos escapes, sai uma melodia bem mais cometida. A “culpa” é dos atuadores, que usam eletrônica para reproduzir na base do para-brisa um som artificial, que ressoa usando a mesma frequência do motor.
Não é o maior dos problemas, mas pode desapontar quem lembra dos antigos GTS.
Concorre com quem?
Volkswagen Polo GTS — Foto: Marcelo Brandt/G1
O grande problema, na verdade, é ele custar R$ 100 mil. Não que o Gol GTS fosse barato em sua época.
A comparação simples de preços com o Sandero RS também não é justa. O Polo custa praticamente R$ 30 mil a mais, só que oferece muito mais requinte, com itens de série extras e a transmissão automática.
A própria Volkswagen tratou de tirar de linha um rival em potencial: o Golf 1.4, dono de projeto bem mais refinado, ainda que sem maquiagem e acertos esportivos.
No fim da contas, o Polo GTS não tem concorrentes tão diretos. Ele entrega a praticidade de um hatch compacto, mas com esportividade suficiente para divertir o proprietário. Só que cobra por isso.
Volkswagen Polo GTS — Foto: Marcelo Brandt/G1
Fonte: G1