Em entrevista à revista Mercado Automotivo, Ivan Furuya, diretor Comercial e de Marketing da Volda, fala sobre os planos da empresa para consolidar a marca em todo o território nacional. Oferecendo uma linha completa de suspensão e transmissão automotiva, a Volda tem o objetivo de atingir ao menos 90% de cobertura da frota nacional com seus produtos. Confira a entrevista a seguir:
Mercado Automotivo – De que forma a Volda pretende ampliar suas ações de marketing neste ano? Por que a empresa entende que esse tipo de investimento é essencial para atingir seus públicos-alvo?
Ivan Furuya – Entendemos que este tipo de investimento é essencial para atingir nosso público-alvo, pois somos uma marca relativamente nova no mercado. Ainda estamos num processo de construção da marca Volda que, quando consolidada, ajudará nossos distribuidores no sell out, ou seja, nossas ações de marketing devem gerar demanda de compra no mercado.
Sempre digo que o marketing é uma ferramenta de vendas e tudo o que o marketing faz deve mirar um aumento de vendas, caso contrário não faz sentido o investimento – precisamos ter como calcular o ROI de alguma forma.
Para este ano temos diversas ações já planejadas. Temos basicamente dois pilares que são o automobilismo e as mulheres dentro do segmento automotivo. No automobilismo com patrocínios na Porsche Cup, TCR South America, TCR Brasil, HB20 Racing e Turismo Nacional. No apoio às mulheres dentro do segmento automotivo, temos o Instituto Mulheres V8, que hoje já tem abrangência nacional e conta com mais de 650 mulheres envolvidas com o segmento automotivo pelo Brasil, apoio às pilotos Antonella Bassani na Porsche e Bia Martins na HB20. Ainda, a nossa embaixadora de marca, Niela Marques, que já possui mais de 900 mil seguidores no Instagram e cujo público são os mecânicos.
Outro ponto muito importante é o início de um trabalho de Trade Marketing com promotores em São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco, inicialmente. Vamos expandir o projeto em três fases até 2025 de forma a cobrir todo o território nacional. Aqui, o trabalho é gerar demanda no varejo e aplicador e fechar o processo da venda com os nossos distribuidores em cada localidade. Entendo que o trabalho de geração de demanda na ponta deva ser de responsabilidade das indústrias, já que o distribuidor trabalha com pelo menos 100 diferentes fornecedores e não vai dispender tempo de sua equipe para fortalecer uma única marca.
MA – Gostaria que falasse sobre os treinamentos promovidos pela Volda. Qual é a importância desse tipo de treinamento para o desenvolvimento do setor?
IF – Os treinamentos são excelentes oportunidades para trazer o aplicador para mais perto da indústria. É muito importante mostrar que a Volda é feita de pessoas que eles podem procurar em caso de algum problema ou dúvida – e o técnico, a princípio, exerce esse papel. São também um ótimo momento para informarmos os atributos dos nossos produtos e explicar o modo correto de aplicar determinada peça.
Ainda hoje, grande parte dos problemas de retorno de produtos são causados por má aplicação ou aplicação errônea do produto no veículo. Com os treinamentos conseguimos reduzir os números de garantias e, consequentemente, de insatisfação com o produto/empresa.
Estamos ampliando nosso time de técnicos para conseguirmos cobrir cada vez mais o território brasileiro, além de capacitar com maior número de informações possível para o mercado. Nosso SAC também está em constante evolução para que possamos tirar as dúvidas de forma remota, mantendo sempre o máximo de agilidade no atendimento ao mercado.
MA – Em sua avaliação, qual é hoje o principal gap do aftermarket brasileiro? É possível ser otimista quanto à sua reversão?
IF – Na minha opinião, com o advento do e-commerce apareceram vários “gaps”, tais como a falta de informações confiáveis para compra de uma peça 100% correta para a aplicação desejada e a questão da logística reversa causada pela própria compra errada ou por garantia. Às vezes, um consumidor comprou uma peça pela internet que saiu de São Paulo e foi entregue em Manaus. O custo de logística no Brasil é muito elevado e as vezes mata toda a margem da venda. Muitas vezes quem arca com esses custos é o fabricante da peça, pois o seller acaba por não se importar muito com isso.
É possível reverter esse quadro? Creio que sim, para isso o mercado tem que prover informações mais confiáveis de forma que não haja compra errada e, consequentemente, a devolução. Os bancos de informações das grandes plataformas de e-commerce/marketplaces têm que ser confiáveis. Os problemas de garantia vão continuar ocorrendo e a logística reversa também. Nesse caso, cada indústria vai ter que buscar uma solução local ou produzir peças com cada vez mais qualidade para não ocorrer problemas de garantia. Pegando um gancho com a questão anterior, os treinamentos e a capacitação passam a ter papel cada vez mais relevante nesse cenário. Outra opção seria trabalhar para reduzir os custos logísticos.
MA – De que forma a Volda pretende ampliar sua participação no segmento de Pesados nos próximos anos?
IF – O segmento de pesados ainda não está nos planos da Volda a curto prazo. Precisamos primeiramente trabalhar bem o segmento de leves, pick-ups e SUVs. Os planos são de atingir pelo menos 90% de cobertura da frota nacional em cada família de produtos que a Volda comercializa hoje, a saber: Pivôs, Terminais de Direção, Bieletas, Terminais Axiais, Trizetas, Juntas Homocinéticas, Juntas Deslizantes, Semi-Eixos e Bandejas.
MA – E quanto ao segmento de leves, é possível também ampliar essa participação num futuro próximo?
IF – Esse é o plano e o motivo de todos os investimentos realizados pela empresa. Vamos expandir nossa rede de distribuição de forma a atingir a maior parte possível do território nacional. Queremos crescer com os distribuidores que atualmente já comercializam o nosso produto e trazer outros que nos auxiliarão na cobertura nacional. O potencial do mercado de suspensão no Brasil é muito grande e temos um potencial enorme de crescimento. Com produtos de excelente qualidade, níveis superbaixos de retorno de garantia, política comercial séria e alta competitividade em preço, temos tudo para alcançar nossas metas de crescimento anuais.
Tudo será feito sobre bases sólidas, com seriedade para sempre ter a credibilidade do mercado. Esses são os nossos pilares. O trabalho constante de aumento de nosso portfólio também é uma base importantíssima de crescimento, trabalhando não somente as curvas de maior venda, como também o que chamamos de “cauda longa”, este último com grande potencial de venda via e-commerce.
MA – A Volda tem como meta atender 90% da frota circulante de automóveis do mercado brasileiro. Quais são os desafios e as dificuldades para atingir esse índice em um país de proporções continentais como o Brasil?
IF – Esse é um grande desafio! E não somente para a indústria, mas também para toda a cadeia de distribuição de peças no Brasil, que aumenta cada vez mais a capilaridade pelo Brasil e deve respeitar as características regionais de cada parte do país. Temos uma diversidade enorme de veículos circulando pelo território brasileiro, forçando todos os fabricantes a estar em constante movimento para melhoria ou aumento de portfólio.
Quantos carros faziam 80% das vendas na década de 1980 e quantos veículos fazem 80% das vendas hoje? Para atender esse percentual de frota devemos ter um portfólio megacompleto que contemple todas as variações de marcas e modelos. E não param de chegar veículos novos no país. Agora vamos mirar nosso foco para os híbridos e elétricos, tais como Tesla, GWM e BYD. Além disso, a suspensão dos veículos elétricos deverá ter cada vez mais qualidade, já que o motor não fará tanto ruído, e qualquer ruído na suspensão será mais perceptível e passará a incomodar mais o condutor do veículo.
MA – Em sua opinião, o que é mais urgente para melhorar a situação das empresas que atuam em todo o território nacional: investimentos em infraestrutura ou efetiva simplificação tributária?
IF – Na minha opinião, ambos. Uma melhoria em infraestrutura no Brasil poderia, por exemplo, reduzir os custos com logística e transporte, além de promover agilidade nas entregas. Por outro lado, os impostos no Brasil são uma coisa de louco, né?! Cada estado fazendo o que quer, com benefícios que muitas vezes não atingem todos de forma igualitária, causando grandes distorções no mercado e às vezes até mesmo dentro do mesmo estado.
Se estes dois pontos fossem melhorados, o maior beneficiado seria o consumidor final, que teria um valor mais justo pelo produto adquirido, aumentando seu poder de compra. Temos uma reforma tributária em andamento e creio que todos esperam que isso resolva pelo menos parte dessa bagunça a médio prazo.
MA – Gostaria que falasse sobre o Super Mecânico. Quais são os ganhos gerados pelo uso desse assistente virtual para a Volda nas redes sociais e no WhatsApp?
IF – O Super Mecânico foi uma ideia que tivemos para enaltecer a figura do mecânico. Ele se torna um super-herói toda vez que “salva” uma pessoa com problemas mecânicos em seu veículo. Ele será mais um influenciador e embaixador de marca das redes sociais da Volda e logo mais passará a interagir com nosso público, respondendo as dúvidas do mercado. O ganho que temos é o de ter mais um canal para gravar a marca Volda no mercado e no consumidor final e ter uma figura simpática que irá auxiliar a quem buscar ajuda pelos canais de comunicação da nossa empresa. Teremos também a Super Mecânica que fará par com ele nesse projeto, sustentando o nosso pilar de enaltecer também as mulheres dentro do segmento.
MA – Gostaria que falasse sobre o programa “Viajando pelo Brasil”. Por que a marca decidiu apoiar esse projeto?
IF – O programa Viajando pelo Brasil tem como objetivo principal apresentar a marca ao público em geral que também irá consumir nosso produto, seja por meio das lojas de varejo, como pelo e-commerce. O programa é diferenciado porque ele mostra o Brasil pelas viagens de carro. O Marcelo – apresentador do programa – também sempre viaja acompanhado da esposa ou filha, o que enaltece a família, que é um valor importante para nós. O programa é transmitido por mais de 40 canais, via streaming, além de passar dentro dos aviões da Azul e nos navios da MSC pelos canais Travel Channel e Wohoo.
Hoje somos patrocinadores exclusivos do programa. Em um período de um ano irá gerar quatro temporadas do programa, ou seja, mesmo depois que o patrocínio acabar, teremos a marca sendo vinculada nesses canais por um bom tempo, reforçando a marca na cabeça do consumidor.
Nessa mesma linha, focando no usuário final e dono do veículo, apoiamos o Dakar Overland, que é um grupo de expedição que viaja pela América Latina em carros 4X4, e também o time de futebol Nova Venécia, do estado do Espírito Santo, onde encontra-se a sede da nossa empresa. Este último tem como embaixador o jogador Richarlison, recentemente escalado para participar da próxima Copa do Mundo com a Seleção Brasileira de Futebol e, atualmente, defendendo o Tottenham na Inglaterra.
MA – Por fim, gostaria que deixasse uma mensagem a todos os colaboradores da Volda.
IF – Quero deixar aqui meu agradecimento para todos que contribuem para essa jornada que a Volda está realizando. Acho muito legal, pois todos na empresa têm o mesmo norte, que é levar o melhor para o mercado, seja por meio de um produto de excelente qualidade, por meio da competitividade, por meio de uma logística eficiente, entre outros fatores. Essa é uma jornada árdua, mas que, com o time certo, chegaremos lá! Meu muito obrigado!
Escrito por: Redação