Em entrevista à revista Mercado Automotivo, Marcos Zavanella, presidente e CEO da Schaeffler América do Sul, fala sobre a importância do mercado brasileiro para as estratégias da companhia.
Mercado Automotivo – A Schaeffler completou, em 2018, 60 anos de atuação no Brasil. Qual é a importância desta marca para a empresa?
Marcos Zavanella – Completar 60 anos num mercado tão competitivo e desafiador é, certamente, uma grande conquista e motivo de orgulho para nós. A Schaeffler Brasil foi a primeira filial da empresa fora da Europa, apenas 12 anos após a fundação da sede da empresa na Alemanha. Com isso, a unidade brasileira iniciou o processo de globalização da empresa, o que resultou na criação do Grupo Schaeffler, presente agora em 170 localidades, em todos os continentes.
Desde então, a Schaeffler Brasil cresceu e evoluiu para, hoje, oferecer um extenso portfólio de soluções para os mercados automotivo e industrial. Atualmente temos duas plantas produtivas em Sorocaba (SP) e um centro de Pesquisa & Desenvolvimento. A unidade brasileira é a sede da empresa para a América do Sul, que conta ainda com escritórios de vendas na Argentina, no Chile, na Colômbia e no Peru.
Nossa presença na América do Sul reflete a estratégia do Grupo Schaeffler de estar o mais próximo possível do cliente. Além disso, nossa unidade tem um papel importante na geração de inovações, estando entre os quatro centros de pesquisa e desenvolvimento mais criativos da Schaeffler em todo o mundo. Em 2017 foram geradas 193 novas ideias somente no Brasil e alguns processos originados de ideias da equipe brasileira foram concluídos, resultando na concessão de 7 novas patentes.
MA – A partir de agora, como pensar nos próximos 60 anos? É possível adotar um tom otimista com o futuro do setor automotivo brasileiro?
MZ – São 60 anos no mercado brasileiro e sabemos quão volátil ele é, por isso, estamos bem otimistas e focados no futuro. Com o conhecimento tecnológico global da Schaeffler e a capacidade de nossa equipe brasileira, estamos preparados para enfrentar os desafios da mobilidade para o futuro em todo o mundo – e aqui no Brasil não é diferente.
Justamente olhando para o futuro, a Schaeffler lançou a estratégia Mobility for tomorrow, definindo a direção de suas pesquisas, projetos e ações para os próximos anos. Mais do que crescer de forma rentável, investir e gerar empregos, a empresa quer ter um papel fundamental no desenvolvimento da mobilidade do futuro, desenvolvendo soluções inovadoras para quatro áreas-foco: Veículos Ecológicos, Mobilidade Urbana, Mobilidade Interurbana e Cadeia Energética.
MA – Como a Schaeffler se adapta aos desafios impostos pelas diferentes culturas nas quais atua?
MZ – O Grupo Schaeffler tem 170 unidades no mundo, distribuídas em 50 países, com 92 mil colaboradores. É evidente que existem diferenças de culturas, hábitos e idiomas. Contudo, o importante como empresa global é construir uma única cultura da empresa, a cultura Schaeffler. Ainda dentro da estratégia global Mobility for tomorrow, um dos projetos é o “One Schaeffler”, ou seja, “Uma Schaeffler” em todo o mundo. Isso significa que, independentemente da localidade, essas 92 mil pessoas compartilham um único foco, um único objetivo, uma única cultura de qualidade para a satisfação de nossos clientes.
Encaramos as mudanças profundas que têm ocorrido globalmente como novas oportunidades para o crescimento dos nossos negócios. Estamos ativamente envolvidos nesse cenário em evolução, procurando sempre nos antecipar às necessidades de nossos clientes com desenvolvimento de tecnologia de ponta, inovação e ingressando em novos setores do mercado.
MA – O conceito de Sustentabilidade acabou perdendo um pouco de seu significado com a utilização exagerada em muitos segmentos e indústrias. Como a Schaeffler se preocupa com a sustentabilidade em sua atuação no Brasil? Ou seja, como a companhia se dedica ao tema sem que suas estratégias “caiam no lugar comum”?
MZ – Na Schaeffler, a sustentabilidade é inerente à nossa própria missão: desenvolvemos tecnologias que agregam valor ambiental, contribuem para a redução da emissão de poluentes, de ruídos e de consumo de combustíveis. O foco na preservação ambiental está presente em inúmeros produtos LuK, INA e FAG – que, além de serem produzidos com matérias-primas e componentes que não agridem o meio ambiente, livres de metais pesados e não prejudiciais à saúde, também são projetados para oferecer o menor impacto possível quando aplicados em veículos e indústrias, por exemplo.
Grande parte da estratégia corporativa Mobility for tomorrow gira em torno de soluções para um mundo mais limpo e sustentável. Com isso, a empresa avançou em direção ao desenvolvimento de sistemas híbridos e elétricos para a indústria automotiva, sempre defendendo o ponto de vista sustentável para toda a cadeia de energia. Também participamos do mercado de energia renovável, fabricando rolamentos para geradores eólicos e desenvolvendo projetos para a geração de energia solar por meio de movimentos de águas marítimas e fluviais.
MA – Em sua opinião, qual a principal dificuldade enfrentada atualmente pelas multinacionais que atuam no Brasil?
MZ – A crise econômica no Brasil certamente tem gerado muitas dificuldades tanto para as multinacionais como para a própria indústria nacional. Alguns grandes desafios são as incertezas políticas, os altos impostos, a cadeia de fornecedores locais e câmbio. Todos nós tivemos que nos adaptar ao novo cenário do País, reduzindo despesas, procurando aumentar a produtividade e buscando novos mercados. Os últimos anos têm sido realmente desafiadores para o Brasil, a indústria e a população. Mas, felizmente, com a determinação de nossa equipe, temos conseguido superar essas dificuldades. Com a integração das unidades do Grupo Schaeffler no mundo, por exemplo, conseguimos promover o intercâmbio de profissionais e de experiências para atingirmos objetivos comuns. Dessa forma, realizamos uma criteriosa alocação de recursos e fortalecemos nosso trabalho em equipe para enfrentar esse período.
MA – Em relação ao programa Schaeffler Música, quais são os principais benefícios obtidos pela Schaeffler ao investir na arte brasileira? Trata-se de uma política da empresa que deverá ser mantida nos próximos anos?
MZ – É uma grande satisfação para a Schaeffler contribuir com a democratização do acesso à cultura, disseminar o conhecimento sobre música clássica na região e, ao mesmo tempo, oferecer lazer de qualidade à população. Estamos inseridos na comunidade e temos consciência de nosso papel perante a sociedade, não só gerando empregos e recolhendo impostos, mas também contribuindo com a cultura e educação. Nossa intenção é dar sequência a esse projeto e sempre inovar, este ano, por exemplo, tivemos um concerto focado no público infantil e um concerto para inclusão de deficientes auditivos.
MA – Gostaria que falasse sobre o programa Formare. Qual sua importância para a empresa e também para os jovens atendidos?
MZ – O programa de formação de jovens estudantes ocorre há 25 anos na Schaeffler Brasil. Iniciado com o Programa de Aprendizagem Senai, foi ampliado em 2002 com a criação da Escola Formare Schaeffler, em parceria com a Fundação Iochpe. Mais de 1.600 jovens já participaram desses dois programas que oferecem vários cursos técnicos e administrativos, com aulas práticas e teóricas. Os colaboradores da Schaeffler incorporaram a filosofia do projeto e assumiram o desafio de atuar como educadores voluntários nas diferentes disciplinas dos cursos, compartilhando conhecimentos técnicos, experiências comportamentais e valores éticos aos jovens. Todos nós, da Schaeffler, comemoramos o êxito dos projetos por seu papel social, maior aproximação com a comunidade local e pela oportunidade de formar novos profissionais, inserindo-os numa cultura organizacional. É muito gratificante constatar que tanto o Programa de Aprendizagem Senai/Schaeffler como o Projeto Formare abriram um novo horizonte para esses jovens, agora com mais condições de conquistar uma profissão e realizar seus sonhos.
Escrito por: Redação