Na 24ª edição, Seminário da Reposição Automotiva debate cenários esperados para o aftermarket brasileiro e destaca importância da Inspeção Veicular
São Paulo recebeu no dia 9 de outubro a 24ª edição do Seminário da Reposição Automotiva, em evento realizado na sede da Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo). Com a participação de um público formado majoritariamente por representantes das entidades do setor, fabricantes automotivos, distribuidores, varejistas e reparadores, o evento chamou a atenção para dois objetivos em especial: (i) aumentar a representatividade da
reposição no setor automotivo brasileiro em termos de faturamento, e (ii) avançar na discussão e implementação da Inspeção Veicular no território nacional.
O início dos debates contou com a participação de importantes lideranças do setor. Elias Mufarej, conselheiro do Sindipeças
(Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) para o mercado de reposição e coordenador do GMA (Grupo de Manutenção Automotiva), foi o responsável pela programação desta edição do evento, tarefa que é alternada entre as entidades do setor. A organização de todo o evento segue a cargo do Grupo Photon.
Também estiveram presentes na abertura oficial Francisco De La Tôrre, presidente do Sincopeças-SP (Sindicato do Comércio Varejista de Peças e Acessórios para Veículos no Estado de São Paulo); Antonio Fiola, presidente do Sindirepa-SP
(Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo) e Sindirepa Nacional; Alcides Acerbi Neto, presidente do Sicap (Sindicato do Comércio Atacadista, Importador, Exportador e Distribuidor de Peças, Rolamentos,
Acessórios e Componentes para a Indústria e para Veículos no Estado de São Paulo); e Dan Ioschpe, presidente
do Sindipeças.
Infelizmente, Rodrigo Carneiro, presidente da Andap (Associação Nacional dos Distribuidores de Autopeças), não pôde comparecer devido a problemas de saúde, mas enviou uma mensagem de otimismo a todos os presentes no evento.
“Por acreditar no potencial do mercado brasileiro, por acreditar na competência das lideranças e principalmente nos ícones que representam os players e seus inúmeros “cases” de sucesso, preciso apenas registrar que acredito que saberemos nos adaptar às novas exigências tecnológicas e ao processo de consolidação, e buscaremos o aperfeiçoamento dos requisitos legais e tributários em nossas áreas de atuação”, afirmou Carneiro, ressaltando que alguns dos temas de sua mensagem seriam abordados ao longo do Seminário.
REPRESENTATIVIDADE E CRESCIMENTO
Durante o debate de abertura, Dan Ioschpe destacou que a reposição representa atualmente cerca de 20% do faturamento da indústria de autopeças, o equivalente a R$ 18 bilhões por ano. Ressaltou ainda que a reposição é estratégica e estável, tornando as empresas saudáveis.
Ao longo do seminário, conforme se verá adiante, destacou-se uma percepção muito viável de que a reposição brasileira tem totais condições de ampliar sua participação no mercado nos próximos 4 anos. Trata-se de uma expectativa baseada na própria composição da frota brasileira, mas também no que espera o setor ao colocar em pauta, perante a sociedade e ao
próximo governo, a necessidade da implementação da inspeção veicular como forma de reduzir acidentes e melhorar a qualidade do ar, gerando, inclusive, economia aos gastos públicos. Na sequência, logo após a abertura, teve início a palestra Perspectiva sobre o Mercado de Reposição no Brasil: tendências globais, regionais e potenciais estratégias para o futuro. Apresentada por Bernardo Ferreira, associate partner da McKinsey&Company, a palestra abordou estudo organizado pela consultoria com o objetivo de apontar as principais tendências sobre os aspectos do mercado, novas tecnologias e comportamento do consumidor.
Com base no estudo, Ferreira afirmou que o mercado de reposição brasileiro está crescendo e poderá alcançar ótimos números até2022, em um cenário de estímulos gerados pela evolução da frota de veículos leves. Tal crescimento deverá
acontecer em meio a muitas transformações: clientes mais digitais e sofisticados, novos players mudando o equilíbrio de poder ao pressionar preços e volumes, amplas parcerias e profissionalização.
O estudo apresentado por Ferreira foi desenvolvido a partir de entrevistas com mais de 20 especialistas da McKinsey nos EUA, na Europa, Ásia e no Brasil e 750 proprietários de veículos realizada no primeiro semestre de 2018. Com isso, foram utilizados mais de 3 GB de dados e relatórios de indústrias e entrevistas com os principais players e instituições do mercado
de reposição brasileiro. O palestrante indicou que o mercado de reposição está diretamente vinculado à idade dos veículos
em circulação, e que a previsão é de envelhecimento da frota nos próximos anos, com carros acima de 12 anos representando um terço do total até 2022. “Os veículos de 8 a 11 anos deverão ser o segmento de evolução mais rápida, com 9%, sustentando a demanda da reposição nos próximos anos”, disse Ferreira. De acordo com ele, a frota de veículos leves
acima de 8 anos representa um potencial grande de descimento.
Em outro ponto da apresentação, Ferreira destacou a forma como os consumidores têm se conectado com os profissionais que cuidam do seu carro. Se aplicativos de mensagens instantâneas já eram amplamente usados em diversos setores, tudo aponta para um caminho semelhante nos serviços automotivos. Assim, os consumidores estarão cada vez mais dispostos a
utilizar esse tipo de ferramenta para, entre outras coisas, agendar determinado serviço em uma oficina.
É nesse ponto que aparecem algumas dificuldades que precisam ser transpostas pelos players da reposição automotiva. Para definir o local em que executará o serviço em seu carro, o consumidor deverá dar mais importância à qualidade e à rapidez do trabalho, em detrimento da marca e do preço aplicados. É também por este motivo que muitas plataformas de e- commerce da reposição ainda não conseguiram deslanchar de fato. Pela falta de conhecimento quanto à peça adquirida
e também pelas exigências em relação ao tempo de entrega, o consumidor acaba demonstrando grande insatisfação em relação aos serviços prestados, já que desconsidera as particularidades do setor de reposição em si.
Por fim, o palestrante chamou a atenção para a chegada ao mercado de um novo tipo de consumidor, formado por grupos de frotas de veículos, geralmente usados para o transporte individual de passageiros via aplicativos. Esse novo player, por vezes formado também por locadoras que se tornam grandes frotistas, apresenta demanda de peças distinta, priorizando a
sofisticação, o profissionalismo e a velocidade.
RENOVAÇÃO NECESSÁRIA
Na sequência do evento, Eduardo Mufarej, fundador do RenovaBR e um dos criadores do partido Novo, propôs uma discussão a respeito da situação atual da política brasileira e destacou que o RenovaBR focou na formação e preparação de pessoas da sociedade interessadas em se candidatar nas eleições de 2018.
De acordo com ele, cerca de 500 pessoas se inscreveram para o curso, 133 foram selecionadas, 115 passaram por um curso amplo de formação e 16 foram eleitas parlamentares com um total de 4,5 milhões de votos recebidos.
“A omissão é cara. A sociedade deve participar, acompanhar e cobrar dos políticos”, afirmou o palestrante, que busca a formação de novas lideranças políticas capazes de representar melhor a sociedade e promover as mudanças necessárias
para o Brasil.
INSPEÇÃO VEICULAR E SEGURANÇA
Outro tema de grande destaque no Seminário foi a Inspeção Veicular, que recebeu atenção nas apresentações de José Aurélio Ramalho, diretor-presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária, e de Mário Maurício, presidente da Abritev (Associação Brasileira de Inspeção Técnica Veicular).
Ramalho e Maurício também participaram do Painel de Debates sobre o tema que finalizou o Seminário e contou com as participações de Antonio Fiola e Stephan Blumrich, presidente do Conselho da Afeevas (Associação dos Fabricantes de
Equipamentos para Controle de Emissões Veiculares da América do Sul).
A percepção geral de quem acompanhou as discussões é de que é preciso (urgentemente) que algo seja feito em relação aos acidentes de trânsito em todo o País.
Os números apenas comprovam o cenário alarmante encontrado em todo o Brasil. A cada 12 minutos, uma pessoa morre no trânsito brasileiro. A cada minuto, uma pessoa fica permanentemente incapacitada devido a acidentes de trânsito no País.
Em sua apresentação, Ramalho salientou que o objetivo do Observatório Nacional de Segurança Viária é justamente reduzir
o número de acidentes de trânsito, desenvolvendo e compartilhando conhecimentos técnicos e comportamentais para influenciarem políticas públicas e sociais sobre o assunto.
“É avassalador o impacto que os acidentes causam na sociedade, bem como nos gastos públicos”, ressaltou Ramalho. O palestrante também destacou que a falta de manutenção e inspeção nos veículos podem ocasionar trágicos acidentes.
A grande expectativa do setor é que a inspeção veicular seja, de fato, implantada. O Código de Trânsito Brasileiro (1997) prevê a Inspeção Técnica Veicular (ITV) e a resolução 716/2017 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) determinou que ela seria obrigatória, a cada 2 anos, para veículos com mais de 3 anos de uso e que entraria em vigor em 2019. Em abril de 2018, no entanto, a resolução foi suspensa.
Para Maurício, diversos Estados precisarão de um modelo de projeto, pois não têm infraestrutura e pessoas especializadas para elaborá-lo. “Devemos trabalhar juntos a proposta com o setor de reposição e apresentar um modelo para os Estados. Sem união nada acontecerá”, salientou em sua apresentação. Ao final dos debates, Fiola propôs que as entidades reunidas levem à frente a proposta de implantação da Inspeção Veicular para o próximo governo, e trabalhem em todas as frentes para que isso aconteça. Trabalho não faltará, mas o Seminário da Reposição Automotiva de 2018 deixou claro que os esforços serão empreendidos de forma conjunta nesse sentido.
GALERIA DE FOTOS 2018
Confira no link: http://seminarioautomotivo.com.br/galeria-de-fotos-2018/
Escrito por: Redação