Novamente on-line, Seminário da Reposição Automotiva destaca resiliência e capacidade de adaptação do setor
Foi realizada no último dia 26 de outubro a 27ª edição do Seminário da Reposição Automotiva. Organizado pelo Grupo Photon e promovido pelo Grupo de Manutenção Automotiva (GMA), o evento ocorreu novamente em formato digital, devido às normas de distanciamento social impostas pela pandemia de Covid-19.
Na transmissão ao vivo, no entanto, cerca de 900 pessoas acompanharam o Seminário. Dentre os diversos temas debatidos por personalidades do setor da reposição automotiva, destaque para as mudanças que vêm ocorrendo no mercado, proporcionadas principalmente pela evolução dos meios digitais.
A data do Seminário também marcou o aniversário de 50 anos da Andap, e o momento foi comemorado pelo presidente da entidade, Rodrigo Carneiro, em seu discurso de abertura.
“São cinco décadas de história, incentivo, apoio e transformação do mercado de reposição automotiva. Nosso setor vem passando por diversas mudanças, desafios e crescimentos ao longo dos últimos anos e a pandemia veio para intensificar a mais latente delas: a transformação digital”, afirmou Carneiro, que também foi responsável pela coordenação do Seminário neste ano.
“Saber olhar as oportunidades e o legado positivo que a pandemia gerou é uma missão desafiadora. Quem conseguir abraçar essa transformação agora, certamente sairá na frente”, completou o executivo.
Por sua vez, Antonio Fiola, presidente do Sindirepa Brasil, destacou oportunidades de mercado para as quais o setor deve permanecer atento. “Nesses dois anos [de pandemia] a frota envelheceu, pois não houve uma renovação significativa. Portanto, em 2022, teremos mais negócios”, afirmou Fiola.
Heber Carvalho, presidente em exercício do Sincopeças-SP, destacou em sua fala inicial os 80 anos da entidade, atuando em prol do desenvolvimento do setor. Já Alcides Acerbi Neto, presidente do Sicap, ressaltou que a reposição automotiva brasileira vem superando desafios ao longo dos últimos anos. De acordo com ele, essa resiliência deve ser combinada com a atualização constante dos players do setor, “pois há oscilações e escassez de matérias-primas, bem como outras variantes exigindo novas formas de atuação”.
Coordenador do GMA, Elias Mufarej também ressaltou que, apesar dos momentos críticos, o setor vem registrando crescimento, de modo a suprir a demanda da frota no Brasil. Os desafios gerados pela pandemia também foram alvo do discurso de Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças. Ainda que a redução de disponibilidade de veículos novos incentive o envelhecimento da frota e a necessidade de manutenção, a crise de abastecimento de matérias-primas também afeta o setor e requer atenção.
Conteúdos de qualidade
Quem acompanha o Seminário da Reposição Automotiva em suas quase três décadas sabe que o conteúdo gerado pelas palestras e debates é muito rico. Além de refletir as principais preocupações e demandas do setor, as exposições exploram as soluções possíveis para um mercado tão desafiador e complexo.
O formato virtual não excluiu a realização das palestras e debates. Ao contrário, a 27ª edição do Seminário exibiu debates de alto nível, a começar pela palestra de Silvio Meira, cientista, professor e empreendedor. O palestrante abordou as características e os desafios gerados pelo mercado figital (físico + digital) impulsionado pela pandemia.
Meira disse que é preciso reorganizar incentivos, times e processos estratégicos de tomada de decisão, com o objetivo de habilitar um sistema de ampla colaboração, que integra pensamento e execução figital em todo o negócio e também a importância de promover investimentos em talentos para a estratégia figital. Ou seja, contemplando gestão de produtos, serviços e sistemas, entendimento e atendimento ao cliente, design, engenharia e dados.
De acordo com Meira, quando a latência das decisões é de menos de uma hora, a taxa de sucesso dos projetos chega a quase 70%, independentemente do processo. “Já quando o tempo médio passa para cinco horas, a taxa cai para menos de 18%”, explicou.
A palestra do cientista foi seguida por um rico debate, que contou com a participação de Paulo Fabiano, diretor da Rede PitStop, e de Marcelo Gabriel, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Latin America for Business-LA4B.
Presidente da Nexus Automotive International de Genebra (Suíça), Gerson Prado falou sobre como a reposição automotiva internacional enxerga a transformação digital e seu impacto no aftermarket. Com dados recentes, o executivo destacou que o e-commerce de autopeças registra crescimento em todo o mundo. Atualmente, de acordo com ele, é o maior negócio dentro da plataforma de vendas Mercado Livre, com crescimento de 2,5 vezes no período de um ano.
Quanto à eletrificação, de acordo com Prado, essa tecnologia encarecerá os carros no Brasil, afetando toda a cadeia de suprimento. Ainda segundo o palestrante, o fim dos motores a combustão também deverá interferir no negócio da indústria de autopeças, pois a quantidade de peças dentro dos veículos será reduzida.
Na sequência, foi a vez de Daniel Ely, CTO e vice-presidente Executivo das Empresas Randon, falar sobre a “tríade transformacional”. Com o case das próprias Empresas Randon, Ely explicou que a transformação cultural e digital foi baseada principalmente em três pontos: a ressignificação do conceito de inovação, o resgate da essência da liderança e o redesenho da organização.
O executivo também defendeu a maior presença de líderes, em detrimento de um número amplo de gestores. Além disso, ressaltou o “resgate” de colaboradores de alto potencial que já integram os quadros da empresa. “Dois por cento das pessoas de alto potencial impactam em 98% dos resultados”, completou.
Rodrigo César Parisotto, Head de TI e Produtos Digitais da MercadoCar, contou detalhes do processo de digitalização da loja, ressaltando que foi preciso trabalhar em uma mudança cultural das pessoas, e não apenas na implementação de tecnologias. Desse modo, defendeu um banco de dados organizado para agilizar as tomadas de decisões e comunicação com quem está na ponta.
O segundo período do Seminário manteve o alto nível do primeiro e foi iniciado com palestra de Fabio Gimenez, CEO da Car10, uma plataforma digital que facilita a experiência de realizar a manutenção, reparação, estética e lavagem do veículo.
Entre as funcionalidades da plataforma para os clientes da solução, Gimenez destacou plataforma de leads, pool de compras de insumos, APP de operação e antecipação de recebíveis, novos negócios e incremento de receita, exposição digital, ferramentas digitais, economia na compra de insumos e soluções financeiras.
Logo depois, Osvaldo Keller, executivo de Tecnologia e Transformação Digital do Grupo DPaschoal, discorreu sobre o consumidor 4.0 nos serviços automotivos. Keller mostrou a evolução do automóvel e ressaltou que, cada vez mais, é importante atender com excelência e resolver os problemas dos consumidores, sejam nos canais digitais ou na loja. Além disso, frisou que a empresa deve seguir os mesmos padrões de comportamento e valores em qualquer modalidade de atendimento.
Imediatamente após a palestra, a audiência pôde conferir um debate sobre o tema da exposição de Keller, que contou com as presenças de Sergio Montagnoli, diretor de Vendas e Marketing da Nakata, e Daniel Leite, diretor Comercial Automotivo da SKF.
Destaque também para Marcelo Massarani, membro do Conselho Diretor do IQA (Instituto de Qualidade Automotiva), que palestrou sobre políticas de estímulo para o setor automotivo no Brasil. Massarani falou sobre o Programa Rota 2030, ressaltando que a iniciativa foi fundada sobre três pilares principais, de modo a incentivar a execução de projetos de Pesquisa e Desenvolvimento em toda a cadeia automotiva.
A última palestra foi de Ana Fusco, gerente de Inovação da Cielo, que falou sobre movimentações do mercado e tendências para os próximos anos. De acordo com ela, a pandemia acelerou mudanças de comportamento do consumidor final, que hoje tem um poder de decisão e de escolha muito maior. Cabe ao consumidor, cada vez mais, decidir como pagar, onde e de que forma receber o produto.
Neste cenário, ressaltou a executiva, não é possível pensar em uma alternativa de atendimento ao cliente. Ou seja, não cabe ao lojista limitar as opções, pois será o consumidor quem irá definir sua preferência, tendência e demanda.
Em mais uma edição virtual, o Seminário apenas confirmou sua importância como um espaço de rico e amplo debate sobre desafios, oportunidades, demandas e angústias que permeiam o setor da reposição automotiva. Independentemente do formato realizado, o evento seguiu abordando iniciativas e cases de amplo destaque no mercado, que certamente poderão gerar insights valiosos ao público participante. Vale ressaltar que os participantes do Seminário tiveram acesso também ao Expo Day, novamente no ambiente virtual.
Escrito por: Redação