Com o documento, a Aliança Aftermarket Automotivo Brasil busca ampliar e qualificar a representação da reposição junto às lideranças políticas
Foi assinada e divulgada no último dia 16 de agosto a Carta de Fortaleza, um documento desenvolvido, em conjunto, pelas entidades representativas do setor de reposição automotiva brasileiro: Associação Nacional dos Distribuidores de Autopeças (ANDAP), Conselho Nacional de Retífica de Motores (CONAREM), Associação Nacional dos Sincopeças do Brasil (SINCOPEÇAS BRASIL) e Associação das Entidades e Empresas de Reparação de Veículos no Brasil (SINDIREPA BRASIL).
A Carta de Fortaleza representa também a criação da Aliança Aftermarket Automotivo Brasil, a partir da junção da representação das quatro entidades citadas. A partir do documento, a nova aliança busca ampliar, reforçar e qualificar a representação do setor junto às esferas políticas, promovendo políticas públicas que reconheçam a força da reposição brasileira nos cenários nacional e global.
Para Rodrigo Carneiro, presidente da ANDAP, a união das entidades gera uma força inédita para que se possa garantir prioritariamente o respeito ao consumidor final para livre escolha da reparação de seu veículo.
Além disso, destaca Carneiro, a Aliança pretende “criar uma nova plataforma de relacionamento do mercado de reposição, promover a formação de todos os agentes da cadeia produtiva, bem como envolver as associações do aftermarket da América do Norte, Europa, América Latina e América Central”.
“Isso também envolve a colaboração de outras entidades que são essenciais ao desenvolvimento do setor como um todo, tal qual o Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), que certamente contribuirá nas pautas que iremos trabalhar”, completa.
Por sua vez, José Arnaldo Laguna, presidente do CONAREM, reforça que a iniciativa visa “promover a união e a busca de maior representatividade para o aftermarket automotivo em defesa dos legítimos interesses do setor”.
Principais pilares
Um dos principais pilares da nova aliança é a defesa de uma legislação em favor do “Right to Repair”, ou seja, o direito do consumidor a realizar a manutenção ou reparação de seu veículo em qualquer oficina qualificada e não apenas na rede de concessionárias das montadoras.
“Unir as entidades do setor de reposição para a mobilização do direito do consumidor reparar o veículo em qualquer oficina qualificada é uma conquista para todos os elos da cadeia, na defesa de nosso negócio. Vamos trabalhar para que exista uma lei para o ‘Right to Repair’ no Brasil”, afirma Antonio Fiola, presidente do Sindirepa-SP.
Outro pilar defendido pela Aliança das entidades é a criação da UniAfter, a Universidade do Aftermarket. Trata-se de uma associação educacional sem fins lucrativos para o desenvolvimento de ações de formação e capacitação de mão de obra para o mercado de reposição automotiva de forma ampla.
Cientes da importância da qualificação profissional para o setor, as entidades consideram que a criação da UniAfter permitirá ampliar sensivelmente o número de profissionais qualificados. Para Ranieri Leitão, presidente do Sincopeças Brasil, a unidade educacional tem o objetivo de “estimular e incrementar a certificação de profissionais automotivos em todos os níveis”.
Confira a seguir outras declarações dos signatários da Carta de Fortaleza a respeito da importância do documento:
Rodrigo Carneiro (ANDAP)
A Carta de Fortaleza, como ficou conhecido o manifesto, representa a integração das entidades para que o movimento “Right to Repair” ganhe força no Brasil afim de assegurar ao consumidor final a livre escolha para fazer a manutenção do veículo. A ideia é avançar e contar com a mobilização de todos os países envolvidos no movimento e expandir para os que ainda não aderiram.
A UniAfter reunirá todas as ações voltadas à capacitação profissional, como certificação de pessoas, padronização de banco de dados de autopeças, tabela oficial de tempos de serviços, e o movimento “Right to Repair”, para amplificar seus resultados, além de pautas conjuntas e integradas que sejam de interesse do mercado de reposição.
Antonio Fiola (Sindirepa-SP)
[Coalizão com entidades internacionais do aftermarket]. Já estamos em contato com as entidades de outros países desde Europa e Estados Unidos, onde o movimento está mais avançado, assim como nos países da América Latina e América Central, que estão avançando também nessa questão, para promover a troca de experiências.
[Prejuízos gerados pelas barreiras técnicas e tecnológicas impostas pelas montadoras]. A evolução da tecnologia e o crescimento de semicondutores nos veículos automotores somados agora à introdução de sistemas de segurança “firewall” estão aumentando as dificuldades de acesso por parte das oficinas independentes aos diagnósticos com os equipamentos disponíveis hoje. No entanto, a rede de concessionárias após o período de garantia não possui capilaridade física para atendimento da frota circulante.
Acredito que depois que se pagou pelo produto, o consumidor tem a posse e deveria ter o direito de acesso a todas as informações e a liberdade de escolha de onde vai realizar a manutenção e/ou reparação de seu veículo. Desta forma, as montadoras de veículos estariam atendendo o espírito da Lei Geral de Proteção de Dados e do Código de Defesa do Consumidor. O consumidor tem direito aos dados e informações de seu veículo e não poder ser obrigado a realizar a manutenção ou reparação exclusivamente na rede de concessionárias das montadoras.
José Arnaldo Laguna (CONAREM)
Diante dos avanços da tecnologia e também dos progressos das montadoras, especialmente, no segmento de eletrificação, a Carta de Fortaleza foi apresentada pelos dirigentes das entidades que representam toda a cadeia de comercialização de autopeças. A iniciativa visa promover a união e a busca de maior representatividade para o aftermarket automotivo e também assegurar o direito da livre escolha dos consumidores no momento da reparação do veículo”, ressalta.
Ranieri Leitão (Sincopeças Brasil)
Já possuímos entendimento claro de nossas posições e defesas que temos que trabalhar junto à esfera governamental. A cadeia produtiva exclusiva do mercado de reposição emprega mais de 1 milhão de pessoas e gera bilhões de reais em impostos, além da renda. Para o Governo Federal até então só existia o canal original constituído pelas montadoras de veículos automotores e sua rede de concessionárias, mas agora a Aliança juntamente com outras entidades espalhadas pelo globo apresentará, além de suas defesas, seus pleitos e necessidades.
Entre estes pleitos destacamos o cumprimento da LGPD por parte das montadoras no que se refere às informações captadas dos motoristas, garantia de acesso a informações e conectividade, além de combater o mercado ilícito em plataforma de comércio eletrônico e retomar a discussão da Inspeção Técnica Veicular.
A barreira tecnológica que o canal independente da reposição enfrenta é global, pois as montadoras de veículos, valendo-se de tecnologias cada vez mais sofisticadas como a própria rede de comunicação e semicondutores, detêm tanto o diagnóstico mais produtivo como a informação gerada pelos motoristas quando de sua dirigibilidade, o que os deixam muito a frente. Isso enfraquece a competitividade no mercado, sendo o mais preocupante a inviabilização de escolha por parte dos consumidores de elegerem o local de manutenção de seu veículo.
Confira a seguir a íntegra da Carta de Fortaleza, assinada pelas entidades citadas:
CARTA DE FORTALEZA
Aos dezesseis dias do mês de agosto de dois mil e vinte e dois, na cidade de Fortaleza, em conformidade com a Constituição da República Federativa do Brasil de 22 de setembro de 1988, promulgada em 05 de outubro de 1988, em seu artigo 1º, inciso IV, artigo 3º, incisos I, II, III e IV, artigo 5º inciso XVII, e artigo 170º, incisos IV e V, e considerando:
– que o mercado de reposição automotiva é altamente representativo no PIB brasileiro, mas parcamente representado em todas as instâncias em que busca participar;
– a representatividade global do aftermarket brasileiro: 4° maior mercado mundial segundo estudos da autocare.org (5,1% do mercado total);
– que as pautas do setor sempre foram difusas, e as tentativas de organização redundaram em poucos resultados práticos;
– que uma das principais forças do setor está em sua cadeia comercial e logística, que é responsável por mais de 80% da manutenção veicular no país;
– que as montadoras estão avançando no mercado de reposição, impondo barreiras técnicas e tecnológicas;
– que as entidades internacionais do aftermarket estão buscando coalizões para suportar os desafios impostos pela tecnologia e pela busca de reserva de mercado das montadoras (ex.: Associations in Motion);
– as exigências legais de segurança, meio ambiente e saúde que incidem na manutenção dos veículos automotores em circulação;
– a necessidade de manter a logística de abastecimento de autopeças da frota circulante;
– a importância da manutenção dos empregos em toda a cadeia produtiva do Aftermarket automotivo;
– a necessidade de manter competitiva a indústria de componentes automotivos instalada no país;
– os desafios inerentes ao desenvolvimento técnico e tecnológico envolvido na manutenção veicular que impacta indústria, comércio e serviços;
– a premência de uma representação internacional junto aos fóruns competentes.
As instituições que atuam integral e exclusivamente no mercado de reposição automotiva, a saber: Associação Nacional dos Distribuidores de Autopeças (ANDAP), Conselho Nacional de Retífica de Motores (CONAREM), Associação Nacional dos Sincopeças do Brasil (SINCOPEÇAS BRASIL), Associação das Entidades e Empresas de Reparação de Veículos no Brasil (SINDIREPA BRASIL), decidem:
– estabelecer o compromisso de UNIÃO para representar e defender os legítimos interesses do mercado de reposição automotivo (aftermarket automotivo) do Brasil junto aos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) nos três níveis (Federal, Estadual e Municipal), atuando em conjunto com as entidades de defesa do consumidor, o Poder Público e demais entes públicos e privados nos interesses relativos ao bem comum da Sociedade Civil, e junto as instituições internacionais e de âmbito global;
– desenvolver pautas conjuntas e integradas de atuação para todos os elos da cadeia;
– encampar as iniciativas já em curso: certificação de pessoas (IQA), padronização de banco de dados de autopeças (Sindirepa), tabela oficial de tempos de serviços (Sindirepa), e o movimento Right to Repair (Sindirepa), para amplificar seus resultados;
– convidar outras entidades do âmbito automotivo, que se enquadrem na condição de atuarem integral e exclusivamente no mercado de reposição, a ingressar na UNIÃO.
Nesta condição e após firmarem este compromisso na presente CARTA DE FORTALEZA, deliberam de comum acordo:
– formalizar o interesse na fundação da UNIÃO;
– que os pilares da UNIÃO sejam a representação Institucional, o desenvolvimento técnico e tecnológico, a sustentabilidade (econômica, social e ambiental), as pessoas, e o fomento dos negócios;
– pela fundação da Universidade do Aftermarket (UniAfter), como associação educacional sem fins lucrativos, para o desenvolvimento de ações de formação e capacitação de mão de obra para o mercado de reposição automotiva de forma ampla, em consonância com o pilar fundamental da associação que são as pessoas;
– que a UniAfter será o ponto de irradiação dos conceitos, das premissas e das pautas conjuntas e integradas da UNIÃO;
Assim, com efeito imediato, nomeiam como representantes para à consecução das deliberações ora propostas os senhores: Luiz Sérgio Alvarenga por parte do SINCOPEÇAS BRASIL e do SINDIREPA BRASIL, Marcelo Luiz Dias da Silva Gabriel por parte da ANDAP e Ricardo Cattucci por parte do CONAREM, que se comprometem desde já com o desenvolvimento e execução de um plano de trabalho com atribuição de tarefas, datas e responsabilidades para cumprir o que vai nesta CARTA DE FORTALEZA.
ANDAP CONAREM SINCOPEÇAS BRASIL SINDIREPA BRASIL
Escrito por: Redação