Em entrevista à revista Mercado Automotivo, Conrado Comolatti Ruivo, diretor Comercial da BR AutoParts, fala sobre o atual momento da economia brasileira e relata que a companhia estava otimista até a chegada do coronavírus. A BR autoParts é a marca do Grupo Comolatti que suporta as atividades de distribuição de autopeças, motopeças e acessórios das empresas Distribuidora Automotiva, Pellegrino e CAR Central.
RMA – Qual é a expectativa da BR AutoParts para a economia brasileira neste ano? É possível ser otimista?
Conrado Comolatti Ruivo – A expectativa da BR AutoParts para a economia brasileira era de otimismo até a chegada do Corona Vírus. Ela estava dando bons sinais nos primeiros meses do ano. Passamos por uma importante reforma, o brasileiro estava menos inseguro em relação ao Governo, tivemos redução da taxa Selic, aceleração do consumo. Entretanto, o impacto do Corona Vírus na economia mundial já começa a mostrar impactos na cadeia de suprimentos e reflexos na atividade econômica, o que certamente irá impactar no PIB brasileiro.
RMA – O senhor considera que o distribuidor brasileiro atualmente está em um bom nível de aperfeiçoamento? Ou ainda há uma carência de conhecimento no setor?
CCR – O nível de aperfeiçoamento do distribuidor brasileiro tem evoluído, mas ainda enfrentamos dificuldades em logística. Outro grande desafio é o uso da tecnologia para melhoria dos processos e no relacionamento com nosso cliente, ainda há muito a ser feito.
RMA – O aftermarket automotivo brasileiro está preparado para o aumento de unidades de veículos elétricos/híbridos no mercado do país? Ou o senhor ainda vê esse cenário como uma realidade distante?
CCR – O aftermarket automotivo brasileiro tem provado, ao longo dos anos, que é capaz de se adequar às mudanças que chegam a todo o tempo, como os veículos com alta tecnologia embarcada. Com o elétrico e o híbrido não será diferente. Mas não vemos, pelo menos nos próximos cinco anos, uma participação de mercado de mais de 5%. Ainda é uma tecnologia de nicho.
RMA – Gostaria que falasse sobre a Rede PitStop. Que vantagens esse modelo trouxe para o varejo de autopeças?
CCR – A Rede PitStop comemorou 10 anos em junho de 2019. Ao longo desses anos, o desenvolvimento e a implementação da Rede estiveram pautados em desenvolver uma estrutura sólida que atendesse as necessidades do empresário do setor, oferecendo um completo pacote de benefícios que realmente fizesse a diferença na gestão dos negócios. O sucesso da Rede se traduz em números e conquistas. Hoje temos mais de 1.400 pontos de venda em mais de 550 cidades brasileiras, bem como conquistamos um importante reconhecimento internacional. A PitStop foi eleita Membro do Ano em 2019 pelo Groupauto International, sendo a primeira rede de fora da Europa a obter.
RMA – As compras on-line representam fatia significativa do setor de autopeças brasileiro? Ou ainda é algo incipiente?
CCR – Autopeças e e-commerce são setores que se encontraram na economia e que crescem um com o outro. O segmento automotivo representa cerca de 8% de todo o setor industrial – que por sua vez corresponde a 25% do PIB brasileiro –, e comprar on-line é cada vez mais fácil e seguro no mundo todo. No Brasil, não poderia ser diferente. Brasileiro adora carro e internet! Quando falamos de acessório isso se torna mais evidente, pois é o consumidor final que vai à procura do produto que quer. Por isso, não faltam sites dedicados que vendem e marketplaces que intermediam as vendas no setor. Contudo, quando se trata de autopeças, não é bem assim. Estamos falando de uma compra técnica, visto que há uma distância entre o produto e o consumidor, havendo um alto risco de se comprar errado. Por isso, a venda de autopeças on-line é um desafio para quem compra e para quem vende. E o grupo está atento e acompanhando as mudanças e acreditamos que cada vez mais as compras on-line crescerão no nosso setor.
RMA – Que característica o senhor destacaria como a principal peculiaridade do setor de autopeças brasileiro frente aos demais mercados do mesmo tipo no mundo?
CCR – O mercado de autopeças brasileiro tem três níveis na comercialização: distribuidores, varejo e aplicadores. Os papéis são claramente definidos. A demanda logística complexa, em um país de dimensão como o nosso, torna necessário esse modus operandi.
RMA – Quais são as dificuldades de gestão e estratégia enfrentadas pelo Grupo ao congregar um número tão amplo de empresas com variáveis distintas?
CCR – Criar padrões e processos, além de equilibrar as culturas empresariais, são alguns dos problemas que enfrentamos, mas hoje podemos afirmar que já superamos essas dificuldades. As empresas continuam a atuar no mercado de maneira independente, mas passaram a oferecer melhor prestação de serviço aos nossos clientes com logística melhor, disponibilidade de produtos, ferramentas digitais, etc.
RMA – O quão necessária/urgente o senhor considera que é a reforma tributária no Brasil neste momento?
CCR – A reforma tributária é necessária e urgente para estimular a economia, a inovação e a produtividade do país. Ela precisa ser adequada para as empresas e para a população. É a oportunidade que temos de acabar com a Guerra Fiscal de ICMS entre os Estados, por exemplo. Para isso, é imprescindível uma legislação simples e uniforme para todas as esferas públicas e que seja criado um sistema com o mínimo de exceções.
É preciso melhorar os incentivos à atividade produtiva via benefícios fiscais mais racionais e efetivos. Outro aspecto relevante é a necessidade de o sistema ser neutro. Ele não pode interferir na maneira como uma empresa se organiza. Esses são apenas alguns dos muitos aspectos que precisam ser considerados.
RMA – O Grupo Comolatti concentra hoje diversas empresas do setor automotivo, mas marca presença também na gastronomia através do Terraço Itália. O grupo vê com bons olhos diversificar sua atuação para outros setores futuramente? Ou o foco é realmente o setor automotivo?
CCR – O foco do Grupo é o segmento automotivo. O Terraço Itália tem sua história, foi idealizado pelo fundador e é administrado hoje com o mesmo nível de cobrança e profissionalismo que os outros negócios do grupo.
Escrito por: Redação